A lista de produtos que precisam ter sua validade verificada no supermercado deve diminuir nos próximos dias com a portaria divulgada recentemente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com a premissa de diminuir o desperdício de hortifrútis que ainda teriam condições de consumo, a instrução normativa dispensa que seja informado a validade dos produtos quando embalados.
Ainda que a maioria deles seja comercializado à granel, é possível encontrar frutas e vegetais embalados em bancas e supermercados. A não obrigatoriedade de uma etiqueta que informe quando o produto ficará impróprio para o consumo ao mesmo tempo que gera dúvidas, levanta a possibilidade de que menos alimentos sejam descartados antes do tempo.
Para o comerciante Marcelo Zimmermann, 43 anos, proprietário do Sacolão que leva o nome da família, é preciso ficar atento às especificidades de cada fruta ou vegetal que hoje são vendidos dentro de embalagens. Dispostos dentro de uma geladeira, milhos, uvas e tomates cereja, por exemplo, têm em comum o fato de estarem embalados pela forma de conservação, mas diferem no prazo em que amadurecem a ponto de não mais serem utilizados.
Um dos maiores exemplos citados por Zimmermann é o da moranga descascada, picada e vendida à vácuo, com sete dias de validade. Toda semana, um dia antes que o legume avance o prazo de consumo, o produtor vai ao mercado para realizar a reposição.
— A Vigilância Sanitária exige que tu tire ela da prateleira, mas ela dura bem mais tempo. Acho que evita bastante o desperdício sim, porque as vezes o prazo espira, mas o produto está em perfeito estado de consumo — contou o empresário que no inverno trabalha com menos quebra, já que o frio mantém por mais tempo a qualidade das frutas, verduras e legumes.
Além dos hortifrútis revendidos e que chegam às fruteiras já com os prazos de validade estipulados, há o caso de frutas como a melancia que são fracionadas e embaladas com a etiqueta que informa que o consumo deve ser realizado em até dois dias, por exemplo.
Com 7 toneladas de tomate cereja produzidos por mês em Farroupilha, Caxias do Sul e São Sebastião do Caí, a Benja Selecionados ainda estuda como irá proceder diante da novidade. De acordo com o produtor Fabiano Picolli, a normativa ainda não alterou em nada a rotina da empresa que também produz morangos e repolho coração de boi. Mas a portaria que dispensa o informe da validade pode mudar a relação entre o produtor e o lojista.
— Essa alteração é interessante porque o próprio consumidor faz a classificação. Por outro lado, quando fica na gôndola e passa da validade, se tu tens um acordo comercial com o mercado é preciso trocar. Tem que haver um diálogo bem direto entre as partes— explicou Picolli que trabalha com diferentes prazos de validade, conforme a exigência do cliente.
— O nosso padrão do tomate cereja é de 21 dias, e se não girar nesse período, é porque não é o mercado para o nosso produto — conta o empresário.
Quem compra o hortifrúti e revende ao consumidor, como é o caso de Marcelo Zimmermann concorda que a normativa demandará mais conversa entre as partes.
— O bom senso vai ponderar se a portaria acabar valendo, porque o produto tem aparência, se tiver ruim o cliente vai acabar não levando — afirma.
Dicas
Sem a referência da validade na embalagem é bom seguir algumas dicas simples para não levar para casa um produto estragado ou prestes a ficar impróprio para o consumo. É importante atentar para períodos do ano que aceleram o processo de apodrecimento da fruta ou do vegetal. Segundo Fabiano Picolli, o vencimento dos morangos embalados por ele, não é a mesmo no verão. Ao contrário do inverno, que vencem em 10 dias, o período na estação mais quente do ano diminui pela metade.
Em nota, a Vigilância Sanitária, ligada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS), diz seguir as portarias do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vigentes.
Em relação à venda de frutas e hortaliças frescas, segue a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 259/2002, que não exige indicação de prazo de validade para "frutas e hortaliças frescas, incluídas as batatas não descascadas, cortadas ou tratadas de outra forma análoga".
A Vigilância Sanitária está à disposição para esclarecer dúvidas de comerciantes que trabalham com a venda desses itens, bem como da comunidade.