As barragens do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) de Caxias do Sul irão ganhar sistemas de monitoramento e de alerta para prevenir eventuais rompimentos ou minimizar os impactos caso eles eventualmente ocorram. As medidas serão implantadas com base em um plano de segurança contratado pela autarquia municipal e em fase final de elaboração. O objetivo é atender a Lei Federal 12.334/2010, que cria a Política Nacional de Segurança de Barragens.
Os estudos tiveram início em 2021 com o monitoramento de todas as nove estruturas do município. Ao longo dos últimos meses, os técnicos responsáveis simularam um hipotético rompimento das barragens e o percurso que a água faria. A partir disso, o documento vai apontar quais os procedimentos de monitoramento e ações a ser tomadas em caso de risco de ruptura. É a primeira vez que os reservatórios da cidade contam com um planejamento do tipo e cada um terá o próprio plano de segurança.
Assim que estiver finalizada, a documentação será entregue a técnicos do Samae para revisão e avaliação, o que está previsto para ocorrer até o fim do ano. A etapa seguinte será a de execução das medidas, ainda sem data definida, já que o estudo precisa ser finalizado para ser levantado o orçamento. Conforme o diretor-presidente do Samae, Gilberto Meletti, porém, as ações vão incluir sensores e sistema de sirenes e sinalização, ainda que os detalhes estejam pendentes.
— Elaboramos o plano e assim que ele estiver concluído vamos colocar ele em prática. Esses equipamentos fazem parte do processo. Esse relatório vai nos dizer quanto, como e onde eles precisam ser instalados — explica.
Além da estrutura de contenção em si, o monitoramento precisa incluir equipamentos fundamentais para a operação, como registros, comportas e vertedouros. Esses dispositivos permitem controlar a vazão e a quantidade de água nas barragens e muitas vezes são usados somente em caso de necessidade. Para garantir que eles funcionem adequadamente é preciso monitorar o estado de conservação.
De acordo com Meletti, ainda que os planos não estejam em vigor, a autarquia já realiza acompanhamento das represas da cidade e atualmente nenhuma apresenta qualquer risco de problemas. Entre 2013 e 2014, período entre a finalização da construção e início da operação da barragem Marrecas, havia a preocupação de infiltrações na estrutura de concreto. Os vazamentos, porém, não ofereciam grande risco e já foram solucionados.
— Qualquer tipo de concretagem do tamanho do Marrecas permite algum tipo de vazamento. No ano passado, houve limpeza de todas as barragens, implantação de guard-rail no entorno, cercamento e, no Marrecas, se fecharam as trincas. Hoje não há vazamento — revela Meletti.
Já para o plano de emergência para eventuais rompimentos, além do sistema de sirenes e sinalização, há a possibilidade de treinamentos e simulações do entorno, conduzidos pela Defesa Civil. Outra medida relacionada às represas em andamento é o processo para a obtenção de outorga, documento que libera o uso da represa e o quanto de água pode ser retirado do curso d'água para a finalidade desejada. Em 2019, o Samae possuía a outorga apenas do Faxinal e do Marrecas. Atualmente, a autarquia aguarda apenas a documentação referente à represa Maestra, na zona norte da cidade. A outorga é concedida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
As nove barragens
- Complexo Dal Bó composto por três barragens: São Paulo, construída em 1928, São Pedro, de 1942, e São Miguel, de 1952. Capacidade total de 1,9 milhão de metros cúbicos. Construídas em alvenaria de pedra.
- Samuara, de 1957. Capacidade de 720 mil metros cúbicos. Construção mista com parte em terra (núcleo de argila) e alvenaria de pedra.
- Galópolis composto por duas barragens: uma de 1967 (de jusante, ou seja, mais abaixo no arroio) e outra de 1980 (de montante, ou seja, mais acima no arroio). Capacidade de 5,2 mil metros cúbicos. Construída em alvenaria de pedra.
- Maestra, de 1971. Capacidade de 5 milhões de metros cúbicos. Construção em terra (núcleo em argila responsável pela impermeabilização) com enrocamento (lascas de pedras depositadas nas laterais) para dar resistência e impedir que a água fique em contato direto com a terra.
- Faxinal, de 1992. Capacidade de 25 milhões de metros cúbicos. Feita em terra (núcleo em argila responsável pela impermeabilização) com enrocamento (lascas de pedras depositadas nas laterais) para dar resistência e impedir que a água fique em contato direto com a terra.
- Marrecas, de 2012. Capacidade de 30 milhões de metros cúbicos. Construída em concreto compactado a rolo (CCR).