Pelo segundo dia consecutivo, 78 escolas — dentre as 81 da rede municipal de Caxias do Sul — iniciaram a terça-feira (12) sem uma solução para a falta de merendeiras e higienizadoras. A falta destes profissionais, em maior proporção, faz com que professores e integrantes das equipes administrativas e diretivas precisem se envolver diretamente com os serviços que são fundamentais no processo de aprendizagem dos estudantes.
A situação nos colégios é registrada em meio a uma transição na forma de contratação das profissionais que atuam nas escolas, que agora será gerenciada pela Codeca.
A previsão inicial repassada pela prefeitura às escolas era de que o serviço seria assumido pela nova turma a partir de 1º de julho, com posterior adiamento para início nesta segunda-feira, o que não ocorreu. Na próxima sexta-feira (15), a rede municipal de ensino entra em férias escolares, com retorno previsto para 1º de agosto.
No início da tarde, o contrato referente à prestação de serviço de preparação de merenda escolar foi publicado no Diário Oficial Eletrônico da prefeitura. A expectativa das entidades envolvidas é de que o mesmo ocorra, ainda nesta terça-feira, com o contrato da limpeza.
A secretaria municipal de Educação (Smed) não confirma quantas escolas estão impactadas pela falta de profissionais e, até o momento, não deu previsão de quando o quadro será restabelecido.
O número de instituições sem profissionais da merenda e limpeza nesta terça, 78, foi obtido por meio da representante das equipes diretivas das escolas municipais, Angela Honorato, que conversou com Sandra Kuhn, da Smed, na segunda-feira (11). Sandra está assumindo o cargo de secretária em exercício durantes as férias da titular da pasta, Sandra Negrini. Na manhã desta terça-feira, ainda não havia sinalização da prefeitura em relação aos contratos.
Em setembro de 2021, por atrasos no pagamento, a prefeitura reincidiu contrato com a GFG Recursos Humanos, que empregava 167 profissionais para a rede. Em junho deste ano, a Codeca foi anunciada como nova contratante para o serviço, iniciando o chamamento que pretendia incluir 432 profissionais.
Na EMEF Angelina Sassi Comandulli, que atende a 720 alunos no bairro Santa Fé, professores e funcionários de administrativo voltaram a atuar na cozinha diante da falta de seis profissionais — dois da merenda e quatro da higienização.
Incertezas na transição
No bairro Cristo Redentor, não há falta de merendeiras para o atendimento aos alunos da EMEF Giuseppe Garibaldi, mas, segundo a direção, duas profissionais da área da limpeza estão dando conta do serviço que seria de três.
— Mesmo inseguras, elas estão vindo. As escola está limpa, mas elas acabam ficando sobrecarregadas — observa a diretora Evani Borsoi.
A EMEF João de Zorzi, do bairro Centenário, está sem profissionais da merenda, fazendo com que a diretora e vice-diretora, além de coordenação e equipe docente, realizem o serviço. A equipe de higienização está completa:
— As gurias estão vindo por confiança no que foi dito pela Smed, que a prefeitura pagaria esse período entre GFG e Codeca — afirma a diretora da escola, Juliana Monfron.
Segundo a diretora, assim como as funcionárias da limpeza, as três merendeiras que ocupavam duas vagas de 44 horas e uma de 22 horas, também participaram do processo seletivo da Codeca, mas tiveram pontuação zerada.
— Até agora a gente não entendeu o porquê, entramos com recurso que foi indeferido, sendo que funcionárias tinham tempo de serviço e curso pra pontuar. Estamos com este transtorno agora desde sexta-feira (8), quando elas não vieram mais trabalhar e, com razão — completa a diretora.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Urbana, Ambiental e Áreas Verdes de Caxias do Sul (Sindilimp), que representa as merendeiras e higienizadoras, tem recebido diversas reclamações neste sentido. Segundo o presidente Henrique Silva, são diferentes situações e, nem todas, podem ser solucionadas.
— Em alguns casos houve erro de documentação, ou funcionárias que tinham experiência em limpeza mas se inscreveram pra merenda, o que fez com que zerassem a pontuação, entre outros exemplos. São casos em que não temos o que fazer, porque o edital era claro — afirma o representante.
Segundo ele, as listas da Codeca já aprovaram 167 funcionários para a merenda e 246 para a limpeza, mas o número de profissionais destinados às escolas será confirmado somente depois da contratação.
O presidente do Sindilmp, que acompanha as movimentações junto à Administração Municipal, disse que a expectativa é de que o problema seja solucionado ainda nesta terça-feira. O sindicato também pretende mover uma ação judicial para garantia de remuneração às funcionárias que estão trabalhando sem formalização desde o encerramento dos contratos com a GFG.
Sindiserv pressiona prefeitura
O Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv) também envolveu-se no problema. O assunto foi levantado pela presidente da entidade, Silvana Piroli, em uma reunião com representantes da prefeitura na segunda-feira.
— O não funcionamento deste serviço acarreta uma sobrecarga aos professores e diretores, que são servidores municipais. A gente já vinha alertando para esse problema, da empresa terceirizada que não cumpria com suas obrigações. Estamos pressionando porque a sobrecarga tem recaído sobre os profissionais de educação que atuam na escola e isso traz prejuízo pra aprendizagem dos alunos — relatou a presidente, ainda na manhã de terça-feira.