A tradicional Feira do Peixe Vivo, em Caxias do Sul, passa a adotar novo cronograma de comercialização a partir de agosto. A pedido dos piscicultores, a feira que ocorria todos os meses nas segundas e sextas, passa a ocorrer a cada dois meses. O motivo da alteração é ocasionado pela queda das vendas nas últimas edições. Segundo dados da Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Smapa) as vendas variam de 270 à 320 quilos por edição. A expectativa era comercializar cerca de meia tonelada.
Para Fernando Vissirini Lahm dos Reis, Diretor Técnico da Smapa a baixa procura pode estar relacionada a fatores como: a condição financeira do consumidor, oscilações climáticas e o custo de produção que eleva os preços finais. Reis avalia que atualmente os preços do peixe vendido na feira já está semelhante ao de produtos vendidos em mercado, com o peixe limpo e fatiado.
— Os piscicultores que participam da feira nos solicitaram uma correção de valores, e essa manutenção nos preços se torna cada vez mais impeditiva. Entendemos que os produtores têm um custo total de produção e deslocamento que encarece, além disso o preço dos insumos está mais caro. O espaçamento no calendário foi necessário para que o produtor tenha menos perdas durante a despesca dos açudes, e os preços não subam mais— relatou o Diretor.
A despesca ocorre quando os peixes atingem tamanho e peso adequados para o consumo. O processo envolve controle do ambiente, temperatura adequada e oxigenação para que o animal seja transportado com vida, garantindo a qualidade do produto.
Até o final deste ano, vão ocorrer três Feiras do Peixe Vivo: nos dias 12 de agosto; 14 de outubro e 9 de dezembro. Todas serão realizadas junto ao Ponto de Safra da Praça Dante Alighieri. As espécies oferecidas seguem sendo carpas, carpa-capim e bagre. Os preços para a próxima edição seguem respectivamente: R$ 16 ao quilo, R$ 19 ao quilo e R$ 22 ao quilo.
Alto preço da produção prejudica piscicultores
Os produtores locais relatam que o aumento do valor dos insumos encareceu muito a produção. E que o retorno financeiro para a realização do evento, não estava compensando a manutenção de gastos da despesca e locomoção dos peixes.
— O preço do peixe está defasado, em comparação a carne bovina. No começo de 2021 eu pagava em média R$ 30 o saco de ração, hoje eu pago em torno de R$ 80, direto na distribuidora. Se eu for nas agropecuárias, o preço é mais alto, custando em média R$ 95. O peixe está barato pelo tanto que os insumos subiram... — comenta o piscicultor, Sérgio Perine.
Perine relata que as pessoas estão procurando muito mais pelos peixes prontos para o consumo, ou seja, sem a necessidade de fatiar e limpar. Ele acrescenta que a logística para que a feira ocorra envolve a compra de oxigênio que também é bastante cara.
— Nós produtores gostamos muito de fazer a Feira do Peixe Vivo. Deixar de dois em dois meses foi uma forma para continuar realizando o evento e evitar perdas — destacou
Já a piscicultora, Roseli Dossin Pedroni, relata que a redução nas vendas desmotivou os produtores. Ela observa que as pessoas não têm o costume de consumir peixe periodicamente. Além disso as feiras mensais ainda eram consideradas uma novidade pela comunidade. Ela não vai participar das próximas edições neste ano.
— O maior problema é todo o trabalho que envolve a despesca para um resultado não muito bom. Vou participar somente na feira da Semana Santa — destacou Roseli.
** Com supervisão de Janaína R. Silva