A expectativa de vida dos moradores da Serra é de 79,41 anos, superando a média do Rio Grande do Sul, que chega a 77,45 anos, conforme pesquisa divulgada nesta semana. No ranking que avalia as regiões que formam os Conselhos Regionais de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Coredes), o Corede Serra está em sexto lugar. Em primeiro estão o Corede Nordeste e o Corede Norte, com 80,28 anos. Em seguida, o Corede Vale do Jaguari, com 80,13 anos e o Corede Rio da Várzea, com 79,71 anos.
No Estado, o número chega a 77,45 anos, um aumento de 0,19 ano na comparação com 2019, quando a população chegou a 77,26 anos. Mesmo com o leve acréscimo, os dados de 2020 já deixam claros os reflexos da pandemia de coronavírus, que levou milhares de pessoas à morte. Sem a doença, a expectativa de vida dos gaúchos ao nascer chegaria a 78,48 anos em 2020.
O levantamento atualiza os indicadores de mortalidade para o Rio Grande do Sul para os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes). O estudo é elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG) do RS. Não há dados por cidades no estudo, apenas por regiões.
— A expectativa de vida na Serra ao nascer comparada com a do Estado é 1,96 ano. São quase dois anos acima, e é um grande diferencial, porque quanto mais avança na expectativa de vida, mais difícil é conseguir aumentar esse valor. O crescimento vai sendo reduzido depois — ressalta a pesquisadora Marilene Dias Bandeira, que organizou o material.
Ela ressalta que apenas para ter uma ideia, com bases nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Catarina ocupa o primeiro lugar, com 80,21 anos em 2020, e o Espírito Santo está em segundo, com 79,32. Assim, a Serra estaria em uma posição favorável.
— Os dados do IBGE são de estimativas para todas as unidades da confederação e o nosso estudo apenas para o RS. Mas, analisando os dados, podemos ter uma ideia da colocação da Serra. Está em um bom patamar, em um nível bem elevado de expectativa de vida.
Mulheres vivem mais no Estado
O levantamento também mostra que se mantém a diferença de mais de sete anos na expectativa de vida de homens e mulheres no Estado. Enquanto para a população feminina o número chega a 80,99 anos, para a masculina é de 73,87 anos.
— Geralmente é assim porque os homens morrem precocemente devido a óbitos por causas violentas, como homicídios, suicídios e outras causas não naturais — aponta a pesquisadora.
Marilene destaca que também foi identificada na pesquisa uma mudança no perfil dos óbitos no Estado.
— As doenças do aparelho circulatório e as neoplasias (câncer) continuam em primeiro lugar. A mudança ocorreu com as doenças infecciosas e parasitárias, que saltaram do nono lugar em 2019 para o terceiro no ranking de 2020. Isso se deve à incidência de covid-19.
Dados em relação a 2010
A pesquisa foi realizado pela primeira vez em 2010. Em relação àquele ano, a expectativa de vida da população do Rio Grande do Sul subiu 1,86 ano, passando dos 75,59 anos para os atuais 77,45.
Outro fator que deve ser analisado, segundo ela, é o envelhecimento da população gaúcha:
— Em 2010, nós tínhamos 21,4% da população abaixo dos 15 anos, e agora esse indicador passou para 18,2%, uma redução de 257.561 pessoas. Na faixa de 15 a 59 anos, o percentual passou de 65,1% para 63,1%.
Por outro lado, a pesquisadora afirma que, em uma década, o percentual de pessoas com 60 anos ou mais aumentou de 13,6%, em 2010, para 18,8%, em 2020, no Rio Grande do Sul.
— Eu imagino que no ano que vem, quando tivermos os dados de 2021, não cresça ou cresça pouco a média por conta das mortes provocados por covid-19.
Os dados foram obtidos a partir de dados do DEE, do Departamento de Informática do SUS (Datasus), vinculado ao Ministério da Saúde, e da Secretaria de Saúde do RS.