A administração municipal de Caxias planeja a construção de três tanques de retenção da água da chuva — também conhecidos como piscinões — e duas redes de drenagem que irão impactar cerca de 95 mil pessoas. As obras serão contratadas com recursos de um financiamento de R$ 25 milhões que o município pretende contratar junto ao Banco Regional de Desenvolvimento do Extremos Sul (BRDE). Um projeto de lei solicitando autorização para o empréstimo já está em análise na Câmara de Vereadores. O valor inclui também um montante destinado a estudos de elaboração do Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais.
Todas as intervenções têm o objetivo de reduzir o risco de alagamentos na cidade, especialmente em períodos de chuvas intensas. Os tanques de retenção têm capacidade de receber e armazenar grande volume de água simultaneamente, liberando aos poucos para o restante da tubulação. Dessa forma, evitam o transbordamento de arroios e a sobrecarga na rede de escoamento. Atualmente, a cidade conta com quatro reservatórios, nos bairros São José, Fátima Baixo, Pôr do Sol e Pio X.
— Isso vai ser o futuro. Hoje, nossos canais principais chegaram ao limite com relação à profundidade — afirma o secretário de Obras de Caxias, Norberto Soletti, explicando que não há como aumentar a vazão dos arroios.
Um dos reservatórios que receberão o investimento do empréstimo é o chamado "Vila Brazil", na região do bairro Nossa Senhora das Graças. O tanque coletará a água que percorre regiões como o próprio Nossa Senhora das Graças, Santa Corona, Galópolis e Vila Cristina. A obra tem custo previsto de R$ 3,8 milhões e deve impactar cerca de 20 mil pessoas. Embora por si só não solucione todos os problemas, quando estiver pronta, vai evitar o transbordamento do Arroio Pinhal, que passa por Galópolis e Vila Cristina.
Já o bairro De Lazzer vai ganhar um piscinão na Rua Presidente João Goulart, ao custo de R$ 4,7 milhões, para atender parte do De Lazzer e os bairros Interlagos, Jardim América e Sagrada Família e aliviar a bacia dos arroios Dal Bó e Tega. O reservatório vai ficar onde hoje existe uma área verde.
— Vai se usar parte da área e ainda vai dar para deixar um espaço de lazer para a comunidade — observa Soletti.
O terceiro tanque vai ficar em um terreno da Universidade de Caxias do Sul (UCS), próximo ao acesso via Travessão Solferino. Ele vai permitir preservar a rede que deságua no Arroio Pena Branca, que passa por baixo de diversas construções. O reservatório vai receber água principalmente dos bairros Cruzeiro e Petrópolis. A capacidade dos piscinões depende da característica e da localização de cada um.
Se autorizado pela Câmara, parte dos recursos do empréstimo também deve ser utilizado na construção de uma rede na Rua Eugênio Nicoletti, que atenderá aos bairros São Caetano e Esplanada. Outra tubulação também está prevista para a Rua dos Lírios, na região do bairro Charqueadas.
Cada obra precisará ser licitada separadamente e o processo terá início somente após a formalização do financiamento. Por conta disso, ainda não há prazo para a realização das obras, uma vez que a Câmara ainda precisa aprovar o empréstimo.
Plano Diretor de Água Pluviais
Do máximo de R$ 25 milhões solicitado para o financiamento, cerca de R$ 4,4 milhões será reservado para estudos de elaboração do Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais. O documento é uma exigência da Lei do Saneamento, norma federal que entrou em vigor em 2007.
De acordo com o secretário Norberto Soletti, o planejamento vai permitir mapear toda a rede de drenagem da cidade, já que atualmente há galerias antigas que não são de conhecimento da administração.
— As redes mais antigas não estão cadastradas. Hoje, quando nosso pessoal faz um trabalho na rua, já elabora um croqui para lançar no sistema. A ideia com o plano é que quando alguém for fazer edificações, com o IU (Informações Urbanísticas, documento fornecido pela Secretaria do Urbanismo) já conste as redes. No bairro Santa Lúcia, por exemplo, houve uma construção recente onde o empreendedor perfurou e se deparou com uma rede. Sorte que estava chovendo e deu para perceber e consertar — explica Soletti.
Além de facilitar o reparo das tubulações comprometidas, a existência de um Plano Diretor também facilita o planejamento para a expansão do sistema, inclusive com o dimensionamento adequado.
Os projetos
- Reservatório Vila Brazil: atende a microbacia do Arroio Rio Branco, que integra a bacia do Arroio Pinhal. Abrange parte de Nossa Senhora das Graças, Santa Corona, Galópolis e Vila Cristina. Vai custar cerca de R$ 3,8 milhões e impactar 20 mil pessoas.
- Reservatório De Lazzer: atende a microbacia do Arroio Dal Bó, que pertence à bacia do Tega. Abrange parte do De Lazzer, Interlagos, Jardim América e Sagrada Família. Terá custo de R$ 4,7 milhões, com impacto em 20 mil pessoas.
- Reservatório UCS: atende a microbacia do Arroio Pena Branca, que pertence à bacia do Rio Piaí. Abrange parte dos bairros Cruzeiro e Petrópolis. Terá custo de R$ 3,4 milhões, com impacto em 10 mil pessoas.
- Rede de drenagem da Rua Eugênio Nicoletti: atende os bairros São Caetano e Esplanada e fica localizada na bacia do Arroio Belo. Vai custar R$ 4,5 milhões e vai impactar 30 mil pessoas.
- Rede de drenagem da Rua dos Lírios: atende parte do bairro Charqueadas e fica localizada na bacia do Arroio Belo. Vai custar R$ 3,8 milhões e impactará 15 mil pessoas.
- Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais: estudos a serem realizados em toda a cidade, ao custo de R$ 4,4 milhões.