A prefeitura e a Câmara de Vereadores de Caxias irão realizar uma reunião para discutir uma solução para a atuação de ambulantes no centro da cidade em dias de chuva. Os vendedores, que desde 25 de maio podem atuar apenas em pontos específicos do centro da cidade, têm se refugiado em marquises da Avenida Júlio de Castilhos quando há tempo instável. O encontro ainda será marcado, mas está previsto para ocorrer entre quarta-feira (29) e quinta-feira (30).
A decisão de procurar a Câmara foi tomada pela equipe da administração municipal responsável pelas políticas referentes aos ambulantes, na maioria senegaleses. O grupo se reuniu na manhã desta terça-feira (28) para debater o assunto.
Conforme o diretor de fiscalização da Secretaria Municipal do Urbanismo, Rodrigo Lazzarotto, a Câmara será chamada para participar dos debates porque tem sido um dos principais canais utilizados pelo comércio formal e informal para o encaminhamento de demandas relativas ao assunto. A ideia é também verificar outros problemas eventualmente apontados pela comunidade. Além disso, o município diz também aceitar contribuições de outros setores da sociedade.
— Desde o início tratamos com a Câmara para decidir esse processo. Queremos conversar para entender quais demandas eles têm recebido — explica.
Uma vez que o assunto estiver alinhado entre Executivo e Legislativo, o município deve se reunir com representantes dos ambulantes para apresentar uma proposta. Entre as possibilidades está a escolha de um lugar específico com cobertura para ser utilizado apenas em dias de chuva. Essa alternativa, porém, ainda precisa ser discutida. De acordo com Lazzarotto, os próprios ambulantes relatam que apenas entre 10 e 15 vendedores costumam trabalhar com tempo instável.
— Visualizei algumas situações, principalmente na Rua Marechal Floriano, próximo dos pontos designados, que existem algumas marquises — aponta.
O diretor descarta, porém, o recolhimento das mercadorias quando os ambulantes estiverem fora dos locais designados com tempo chuvoso. Em entrevista ao programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha Serra, Lazzarotto disse que o objetivo do município é evitar conflitos que possam resultar em brigas generalizadas. Além disso, ele lembrou que o problema é complexo por envolver a questão social e que o município precisou reconquistar a confiança dos ambulantes para encaminhar a solução atual.
— Os lojistas tem todo o direito de reclamar, mas é preciso buscar um meio termo. É muito simples fazer o recolhimento, mas corremos o risco de perder todo o processo de negociação, que foi bem árduo. Queremos fazer de forma parcimoniosa. É uma construção que vai ser permanente até que a gente consiga colocá-los em um centro comercial — afirmou Lazzarotto, após a reunião.
Costumeiro interessado no debate sobre os ambulantes, o Sindilojas Caxias vê uma melhora da circulação das pessoas na Avenida Júlio de Castilhos com a saída dos vendedores do passeio público. A entidade, contudo, argumenta que é preciso continuar um processo de orientação e formalização destes trabalhadores.
— É um assunto polêmico e de competência do poder público. Nosso entendimento e posição é de auxiliar esta formalização, até para que, num futuro, eles também arrecadem tributos do qual o município todo se beneficiará. Nossa missão é o fortalecimento e direcionamento do comércio formal e estabelecido — aponta o presidente Rossano Fernando Boff.
O interesse do Sindilojas era em razão do atrito entre lojistas e ambulantes sobre espaços nas principais vias da cidade. A reclamação é que os produtos nas calçadas obstruíam o acesso às lojas e afastavam os clientes.
— (Neste mês) a circulação já está melhor. Havia uma migração de circulação dos pedestre para as ruas paralelas à Júlio. Agora, está um movimento mais intenso e assim um acesso maior dos clientes nas lojas estabelecidas. Mas ainda é preciso uma fiscalização maior. Este tipo de controle pela prefeitura é necessário para manter esta disciplina — aponta.