Um "trabalho singelo de puro amor", definido assim pela presidente do Clube de Mães Boa Vontade, Valéria Goulart da Silveira, sofreu um duro golpe com a invasão da sede e o furto de materiais que gerariam renda e atenderiam às necessidades dos 87 alunos assistidos pelo Centro Ocupacional Santa Rita de Cássia, no bairro Cinquentenário, em Caxias do Sul.
Em duas oportunidades, nas madrugadas de segunda (13) e terça-feira (14), o local foi invadido por uma vidraça quebrada pelos ladrões, que causaram um prejuízo calculado em R$ 1,5 mil. Uma pequena fortuna para as 14 voluntárias, que se encontram uma vez por semana e ajudam como podem as famílias, que contam com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) para dar qualidade de vida a pessoas com deficiência.
— Parece bobo, mas tínhamos 40 panos de prato prontos para a venda. Feito de saco, o material dobrou de valor e toda a matéria prima também foi roubada. Levaram até louça, uma escada, roupas, talheres e um botijão de gás, que para nós é um custo bárbaro — lamentou Valéria.
Atendido pela Apae de Caxias do Sul, o Centro Ocupacional Santa Rita de Cássia é a unidade que recebe apenas adultos e com o apoio do Clube de Mães, instalado em uma casa ao lado, consegue auxiliar as famílias quando o braço não alcança. São pequenas ações, como doações de cestas básicas no Natal financiadas pelo dinheiro arrecadado com a venda de artesanato, tampinhas de plástico e anéis de alumínio retirados de latas de refrigerante. Estes, também furtados, e em grande quantidade.
— Nós tínhamos mais de 10 galões de 20 litros cheios, e atualmente nosso maior rendimento vem disso. As tampinhas de plástico não levaram, se levassem o estrago seria maior ainda — relatou a presidente do Clube de Mães, que diz contar exclusivamente com doações para manter o grupo de voluntárias ativo.
Como há quatro anos, quando o Clube foi invadido pela primeira vez, o Boa Vontade lamenta que uma organização que só tenha boas intenções tenha novamente sido alvo de vandalismo.
— Esses dias mesmo bateu um rapaz aqui, estava um daqueles dias horríveis de frio e ele de chinelo. Então, a gente não ajuda só os alunos, mas todos que precisam quando conseguimos — explicou Valéria, que registrou o roubo em Boletim de Ocorrência na Brigada Militar.
Feijoada para arrecadar recursos
Depois de ser realizada na forma de drive-thru por conta da pandemia de covid-19, a tradicional Feijoada da Apae volta a ocorrer presencialmente no próximo dia 3 de julho. O evento, que arrecada recursos para a entidade, ocorre esse ano no Restaurante Tulipa, no Parque da Festa da Uva, e os ingressos são vendidos por R$ 80 pelo telefone (54) 3013.4900 ou diretamente na sede da Apae (Rua Professora Maria d'Ávila Pinto, 55, bairro Cinquentenário).
Além da feijoada, 2022 reserva também as comemorações dos 65 das Apaes, que serão celebrados em um jantar, em setembro, quando será lançado o tradicional calendário da entidade.
— São eventos fundamentais para a manutenção dos serviços prestados. Todo mundo sabe o quanto a gente batalha para ter aquele dinheiro mensal e dar conta do serviço. Qualquer tipo de furto prejudica a instituição — afirmou a psicóloga Simone de Antoni Perini, responsável pela organização.