As comunidades escolares de instituições da rede estadual tiveram a oportunidade de expor as dificuldades que enfrentam em Caxias do Sul durante audiência pública nesta quarta-feira (22). No encontro na Câmara de Vereadores, os participantes apontaram principalmente problemas de infraestrutura, mas também de falta de professores e de segurança.
Um tema que voltou a ser abordado é a reforma do Instituto Cristóvão de Mendoza. O colégio, um dos mais importantes da cidade, está com o auditório interditado desde 2013 por risco de incêndio. A escola chegou a ser alvo de um projeto ambicioso de reforma, orçada em mais de R$ 30 milhões, mas até hoje, afora pequenas melhorias realizadas pela própria comunidade, nada foi feito. Isso apesar do envolvimento direto do Ministério Público em acordos para garantir as intervenções.
— Nada mais justo que a obra para a escola e para a cidade. O auditório é o maior de Caxias. Se tivesse, quantos eventos mais poderiam ser feitos, o que resultaria em recursos para a escola — comenta Álvaro Kerwald, integrante do Conselho Escolar do Cristóvão.
Outra importante escola de Caxias, a Alexandre Zattera, também precisa de obras estruturais. O telhado tem de ser trocado, porque apresenta furos que impossibilitam, por exemplo, o uso do refeitório em dias de chuva. Carla Márcia Freitas, representante dos pais no Conselho de Pais e Mestres (CPM), assinala que essa condição leva à interdição de uma parte da escola em que está localizada a maior porta do prédio, que poderia ser utilizada como rota de fuga em caso de incidentes, como incêndios. Ela diz ainda que a escola precisa trocar a rede elétrica, que está envelhecida.
— A Alexandre Zattera tem inúmeros problemas, mas o que mais estamos correndo atrás é que seja feita uma obra no telhado, porque há um risco de curto circuito. Está difícil, está precária a situação — descreve.
Entre obras mais robustas solicitadas, também estão a reconstrução de um muro que desabou no Colégio Imigrante e obras no telhado da Escola Olga Maria Kayser. Mas o vereador Lucas Caregnato, presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Educação Pública Estadual de Caxias do Sul e integrante da Comissão de Educação da Câmara, diz que a estrutura defasada dos prédios escolares foi o maior apontamento durante a audiência pública. No entanto, existem ainda outras situações a serem resolvidas:
— Temos a questão de pessoal em algumas escolas, como a Clauri Flores, que está sem professor de português desde o início do ano — aponta o vereador.
Para o parlamentar, um aspecto que contribui para isso é a falta de valorização dos professores, que preferem atuar em outras redes por causa dos baixos salários e condições de trabalho na estadual. Na reunião, surgiram ainda questões sobre problemas de insegurança no entorno das escolas, com alunos amedrontados com assaltos, falta de iluminação e horários demasiadamente espaçados no transporte coletivo.
Como encaminhamento, a Câmara fará uma carta a ser entregue aos candidatos a governador do Estado nas Eleições desse ano. A ideia é chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas no segundo município mais populoso do Estado e, assim, obter o comprometimento com melhorias. Questões que envolvem o município, como a iluminação e o transporte públicos, serão levados à prefeitura.
O que diz a 4ª CRE
A titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Viviani Devalle, participou da audiência e respondeu sobre os principais aspectos levantados na audiência. Confira:
- Infraestrutura em geral: a maioria das escolas tem uma estrutura razoável, devido ao esforço das direções no uso de verbas estaduais ou obtidas com eventos próprios. A coordenadora destacou que existe um rito burocrático que dificulta a realização rápida de intervenções mais robustas, porque existe a necessidade de projetos junto à Secretaria Estadual de Obras, que atende a demanda de outras pastas, e ainda todo o processo licitatório. Mencionou que algumas escolas estão passando por obras, como a Dr. Renato Del Mese, que recebeu um investimento de mais de R$ 600 mil para uma reforma total. Os matriculados nessa instituição estão abrigados temporariamente na escola Ismael Chaves Barcellos, mas poderão retornar na semana que vem ao prédio próprio. A inauguração da obra ocorre no sábado (25).
- Escola Cristóvão de Mendoza: as obras previstas para salas e blocos não interditados estão em finalização de projetos e vão para a licitação. Os projetos de obras na parte interditada foram apresentados para aprovação na prefeitura, mas tiveram de sofrer alterações. Segundo ela, já foram apresentados novamente e aguardam reanálise.
- Escola Alexandre Zattera: diz que há dois processos para reformas, um deles em elaboração na Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop), mas que a maior preocupação é mesmo com a reforma do telhado, como mencionado por integrantes da comunidade escolar. Em relação a essa obra, afirma que a empresa licitada desistiu na hora de assinar o contrato e, com isso, é necessário ver se há outras interessadas, o que está sendo feito.
- Olga Maria Kayser: a obra em um ginásio, reivindicada na audiência, não foi levada à CRE. Sobre problema na caixa d’água, houve uma orientação para que a escola faça orçamentos e realize a obra, porque tem verba para isso.
- Imigrante: uma empresa demonstrou interesse em fazer o trabalho e deve iniciar as intervenções no muro em breve.
- Falta de professores: admitiu que ainda há falta de professores em algumas escolas. Afirmou que os bancos de currículos de matemática e português se esgotaram e, por isso, passaram a receber novos currículos.
- Falta de valorização dos professores: lamentou essa condição, mas apontou que a resolução dela se passa em um espectro mais amplo, com o plano de carreira do magistério.