Primeira festa comunitária realizada na pandemia, a Festa da Uva comemorou na manhã dessa sexta-feira (11) a adesão do público e o sucesso dos protocolos sanitários adotados para a realização do evento.
Organizada à sombra dos números de casos positivos de covid-19 que tiveram exponencial aumento em janeiro deste ano, em função da disseminação da variante Ômicron do coronavírus, a diretoria da Festa da Uva por meio da secretária de Saúde, Daniele Meneguzzi, comprovou em números que o evento não refletiu em mais casos ativos no município. Segundo ela, na primeira semana do evento, eram 2.084 casos e o número sofreu uma queda de 66,21% até o final da festa, quando 704 casos foram confirmados.
Em parceria com o Sesi, a Secretaria Municipal da Saúde aplicou 1.509 doses da vacina contra a doença em um posto de vacinação na entrada dos Pavilhões. Atendidos os protocolos sanitários e observados os números de público, o prefeito Adiló Didomenico celebrou a retomada da Festa da Uva que pode servir de modelo para o retorno de outras festas na região:
— A festa se consolidou como uma retomada, o que é muito importante para abrir espaço para a realização de outros eventos municipais e regionais. Fizemos com todos os cuidados, com corredores amplos e as pessoas se sentiram confortáveis e seguras. Os números nos dão essa segurança e tranquilidade de que foi uma decisão acertada.
Somados os números de público dos seis desfiles (52 mil), dos shows nacionais (44,5 mil) e dos Jogos Colonias (15,5 mil) a Festa da Uva de 2022 atraiu mais de 350 mil pessoas durante as três semanas de festividades.
Os números foram divulgados em um evento nessa manhã pela Comissão Comunitária que também destacou a retomada do evento e a presença da comunidade nos atrativos da programação. O presidente da comissão comunitária da Festa da Uva, Fernando Bertotto apresentou os números e comemorou o retorno da maior festa de Caxias do Sul.
— A comunidade respaldou a nossa proposta e prestigiou a festa, tínhamos uma expectativa maior, baseado em gráficos das festas anteriores, mas em relação a adequação do momento que vivemos, ficamos tranquilos e extremamente satisfeitos.
O balanço financeiro da Festa da Uva não foi divulgado e deve ser apresentado nos próximos dias após o fechamento de valores arrecadados por bilheteria, expositores e aportes públicos.
Sem lei de incentivo federal, Festa da Uva precisou bancar programação
Encerrada no último domingo (6), a 33ª edição da Festa da Uva não contou com recursos federais tradicionalmente aportados por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Nesse ano, a estrutura de shows e apresentações artísticas foi bancada pela própria festa ou com incentivos estaduais e municipais.
Parte do desfile, por exemplo, foi apresentado pela Lei de Incentivo à Cultura do Estado e, nos Pavilhões, o financiamento do Palco 1 e do receptivo tiveram a apresentação da Secretaria Municipal da Cultura.
Sem poder contar com o auxílio federal para o pagamento de cachês artísticos, contratação de equipamentos técnicos e divulgação do evento, a diretora de Cultura e Desfiles da Comissão Comunitária, Aline Zilli confirma que a Festa da Uva precisou atrasar o anúncio da programação e realizar ajustes.
— A programação foi anunciada em período mais tardio do que esperado, em função da tramitação do projeto, e apenas anunciada quando todas tratativas internas de programação foram acomodadas. Não tendo retorno da solicitação do recurso (federal), nós priorizamos uma programação com os artistas locais. Também fizemos ajustes nos equipamentos utilizados na estrutura. Por exemplo, o projeto tinha painéis em LED de fundo de palco, são coisas que a gente teve que tirar e trabalhar com algo bem mais básico, para que a gente não deixasse de realizar a programação priorizando artistas e atrações locais, que era o nosso grande objetivo.
O projeto à LIC foi protocolado em setembro de 2021 com a pretensão de arrecadar cerca de R$2 milhões. A ausência do recurso fez com que as estimativas iniciais de valores para a realização da festa não se concretizassem. Em um dos projetos, o Executivo informou, ainda no ano passado, que a realização do evento poderia chegar a R$ 25 milhões, mas que o orçamento estava planejado em cerca de R$ 16 milhões. De acordo com o presidente da comissão, no entanto, ajustes levariam a uma redução significativa:
— Estamos revendo, fazendo ajustes e achamos que vamos conseguir viabilizar a Festa com R$ 14 milhões — revelou Bertotto à época.
A mudança no cenário fez com que a administração municipal colocasse em prática o 'plano B', que já tinha sido pensado pela organização. Segundo Aline, a Secretaria Especial de Cultura, que administra o mecanismo de fomento do governo federal, tem passado por reformulações, o que tem causado demora na avaliação e resposta dos processos.
— Sabíamos desde a resolução por realizar a festa que enfrentaríamos dificuldades nesta aprovação em função do tempo, que por si só já seria curto em ano normal. A gente já estava considerando que a programação pudesse não ter esse aporte dada essas dificuldades, e que não são novidades para quem trabalha com os mecanismos de incentivo.
Para pagar as 200 atrações que ocorriam de hora em hora em dois palcos, a Comissão Comunitária contou com outras fontes de receita, como patrocínios, parcerias, venda de espaços de comércio e gastronomia e a própria bilheteria.
Para a próxima edição da Festa da Uva, o pleito por incentivo federal será mantido. A diretora de Cultura, Aline Zilli entende que "com a verba é possível abrilhantar ainda mais a programação, dar mais qualidade e visibilidade a todo trabalho que a Festa faz."