Os professores da rede estadual da Serra entram nas salas de aula a partir desta segunda-feira (21) mais capacitados para tratar sobre um tema cada vez mais necessário não só no ambiente escolar, como na sociedade em geral: a educação antirracista.
Os docentes participaram, de forma online, da iniciativa chamada Trilha Antirracista, uma jornada desenvolvida pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), do Rio de Janeiro, e a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) do Rio Grande do Sul. A formação foi oferecida em três encontros, com duração de cerca de 1h30min, também voltada para coordenadores, diretores e gestores.
A Gestora do Centro de Desenvolvimento dos Profissionais da Educação e idealizadora da Trilha Antirracista na Seduc, a professora Naomy Oliveira, destacou que este tema é um dos prioritários para 2022 e deverá ser trabalhado pelas escolas do Estado no decorrer do ano letivo.
— A Seduc realizará uma série de ações que tem o objetivo de valorizar a história, a cultura afro-gaúcha, bem como desenvolver, de forma efetiva, uma educação antirracista considerando aspectos pedagógicos, culturais e administrativos — disse, após o último encontro online, realizado no dia 15.
Em sua fala inicial aos professores, o analista de Projetos de Educação do ID_BR e mestre em Relações Étnico-Raciais, o professor de História João Bigon, fez um questionamento provocativo: "No Brasil não tem racismo (...) Só uma raça: a humana. Será?". Ao longo do encontro, ele ainda tratou de temas como racismo, evasão escolar, preconceito, discriminação e epistemicídio (rebaixamento na autoestima que o racismo e a discriminação provocam no cotidiano escolar).
À reportagem, o professor disse que a educação antirracista ganhou mais força a partir do episódio envolvendo o negro americano George Floyd em maio de 2020 (ele foi morto asfixiado durante uma ação policial no Estados Unidos).
— (O episódio ) trouxe a questão racial para o centro dos debate público que não havia ocorrido em outro momento. As pessoas despertaram para essa temática que é algo importante e relevante, e que a escola é um lugar central para que essa discussão ocorra. Para além de outros espaços, a escola é um lugar onde a gente pode reverter este processo. Temos que falar de uma educação que respeite as diferenças raciais, de cor, de crença e por aí vai — explica.
João ainda pontuou que é necessário um comprometimento não só dos professores, como da sociedade em geral para combater o racismo e reforçou que é preciso buscar conhecimentos extras, além do aprendido ao longo da jornada:
— É importante que as pessoas que não são negras, não estão sendo afetadas diretamente com a questão racial, que se comprometam com o tema, porque é para o bem-estar social de todos. A busca pela formação e por conteúdos extras é importante para os professores não só porque estão lidando com crianças e com adolescentes, mas também como pessoas, em sua vida fora da sala de aula — finaliza o educador.
Os conteúdos de educação antirracista para professores ainda podem ser acessados no canal do YouTube da Seduc por este link. A temática é tratada a partir das três horas de vídeo.