A administração municipal de Caxias do Sul abriu uma nova frente de negociações para viabilizar ao menos parte dos acessos ao futuro aeroporto de Vila Oliva. Há uma semana, representantes da prefeitura e do governo do Estado mantém conversas a respeito da possibilidade do Piratini aportar recursos na construção de três acessos ao terminal.
As tratativas tiveram início no último dia 18, com uma reunião entre a prefeita em exercício, Paula Ioris, e o governador Eduardo Leite, ambos do PSDB. A Secretária do Planejamento de Caxias, Margarete Bender, o chefe da Casa Civil do Estado, Artur Lemos, e o secretário estadual de Turismo, Ronaldo Santini também participaram da reunião.
Os projetos abordados envolvem a ligação entre Vila Oliva e Gramado e também outras duas estradas, uma que permita ligar São Marcos à Rota do Sol, na região de Vila Seca, e outra ligando o aeroporto à região do Apanhador, passando pelo território de São Francisco de Paula.
De acordo com Margarete Bender, o município pretende buscar ao menos parte dos recursos necessários junto ao governo do Estado. Um dos principais investimentos é a construção de uma nova ponte sobre o Rio Caí, entre Vila Oliva e Gramado. A única travessia existente hoje, a Ponte do Raposo, é uma estrutura centenária e não comportará o fluxo que será gerado pelo aeroporto. A ponte também conecta traçados sinuosos e acidentados, já descartados por técnicos de Caxias e Gramado.
O aporte que a prefeitura busca não se enquadraria em nenhuma das modalidades do programa Avançar, lançado pelo Piratini para a realização de investimentos em diversas áreas, incluindo infraestrutura. O Avançar no Turismo, por exemplo, destinará R$ 41 milhões para a região, mas os acessos não foram credenciados no programa.
— Foi colocada a necessidade de alocação de recursos por conta da ponte, mas não só. Por enquanto está na fase de apresentação de informações — relata Margarete a respeito da reunião com o governador.
O repasse de recursos estaduais e o montante depende agora da avaliação de técnicos do governo do Estado, e não tem data para se concretizar.
Acessos estão menos avançados
Enquanto a elaboração do projeto do aeroporto está em andamento e a construção do terminal já conta com recursos garantidos, a viabilização dos acessos está menos avançada. Até agora, o que existem são definições de traçado, mas os projetos de pavimentação e a forma como as obras serão financiadas ainda estão na fase de debates. Antes a reunião com o governador Eduardo Leite, o foco da prefeitura de Caxias era construir as estradas por meio de concessão.
No caso da ligação entre Gramado e Vila Oliva, o que está definido é a utilização de um traçado já existente passando pela região de Pedra Branca, onde o terreno é menos acidentado. O trajeto passou por estudos topográficos no fim de 2021, etapa que antecede a elaboração dos projetos.
Já a ligação entre Caxias e Vila Oliva via Rota do Sol não entrou nas discussões com o Estado. Nesse caso, o município mantém a intenção de realizar os investimentos por meio de concessão. A Empresa de Planejamento e Logística (EPL), estatal federal, foi contratada pelo município para trabalhar na modelagem do repasse do aeroporto à iniciativa privada, o que pode incluir a estrada via Fazenda Souza. O objetivo é ter tudo pronto para repassar o aeroporto ao futuro administrador assim que a construção estiver concluída.
Desocupação da área será gradual
Especialistas da empresa contratada pelo município para elaborar os projetos executivos do aeroporto já atuam na área que vai receber o empreendimento. Atualmente, segundo Margarete Bender, são realizadas sondagens no terreno. O trabalho ocorre mesmo com a permanência dos antigos proprietários dos lotes, que já foram indenizados pela desapropriação.
— Temos um acordo com alguns produtores de maçã. São tratativas de fazer a colheita e é isso — destaca a secretária.
Conforme Margarete, a desocupação dos terrenos será gradual e está relacionada à remoção das árvores dos pomares, cuja destinação ainda será definida. Além disso, o município optou por manter os produtores na área até o início das intervenções para evitar eventuais invasões.