A expectativa de finalmente ver sair do papel uma obra aguardada há cerca de 30 anos frustrou moradores das localidades de Loreto e Cerro da Glória, no interior de Forqueta, em Caxias do Sul. A licitação para contratar a empresa responsável pela pavimentação de parte da estrada que liga as duas comunidades não teve interessados. Ainda assim, a prefeitura garante que o projeto da obra está mantido e o processo será relançado.
O edital de licitação havia sido publicado em 28 de outubro e as propostas seriam conhecidas em 26 de novembro. Ao longo desse período, porém, ao menos uma empresa interessada questionou o município a respeito das regras dos reajustes de preços, que seriam concedidos somente após um ano de contrato. O argumento é que o orçamento da obra, de R$ 9,8 milhões, não levava em conta os reajustes do material asfáltico, derivado do petróleo. De acordo com planilhas de preços da Petrobras, o Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP), insumo essencial para pavimentações, subiu cerca de 10% entre 1º de agosto e 1º de novembro.
Segundo a secretária do Planejamento de Caxias do Sul, Margarete Bender, não houve uma manifestação formal por parte do mercado justificando o desinteresse no certame. No entanto, a avaliação da equipe técnica é que os valores antigos, de fato, afastaram eventuais participantes, já que os valores haviam sido orçados em agosto deste ano.
— O valor base foi agosto, quando tinha certa estabilidade nos preços, mas a partir daí subiu muito. Nós estávamos com o projeto pronto em agosto, mas a documentação para a publicação demorou — explica Margarete.
A partir de agora, a Secretaria do Planejamento (Seplan) irá atualizar o orçamento e a documentação da licitação, o que Margarete estima que deva levar menos tempo em relação ao primeiro edital.
— A partir da assinatura do contrato poderá ter o reajuste dos valores. O prefeito autorizou a reedição da licitação porque a prefeitura já tinha isso previsto — afirma a secretária.
A distância entre Loreto e Cerro da Glória é de cerca de seis quilômetros e o projeto prevê a pavimentação de 4,5 quilômetros. A solução desse trecho, contudo, é muito aguardada pela comunidade porque é ali que fica o chamado morro de Loreto, um aclive bastante acentuado, que impede o acesso de caminhões maiores. Isso exige que produtores rurais da região tenham que fazer baldeação de carga para escoar a uva e as frutas cítricas produzidas nas localidades, aumentando o custo do transporte. Além disso, são frequentes os buracos, pedras e quedas de árvores na via de chão.
A obra será realizada dentro do Programa de Desenvolvimento da Infraestrutura (PDI). O pacote de obras é viabilizado por meio de um empréstimo de US$ 33 milhões obtido pelo município junto à Corporação Andina de Fomento (CAF).