Uma história de amor vivida há mais de 50 anos inspirou alunos do sexto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Cruz, de Farroupilha, na 7ª Olimpíada de Língua Portuguesa. A escola da Serra foi a única instituição gaúcha premiada com ouro nesta edição do concurso, que contou com a participação de quase 60 mil docentes. A divulgação dos resultados ocorreu na última sexta-feira (10), em uma cerimônia online, com participantes de todo o país.
O trabalho “O lugar onde eu vivo é o lugar de outras pessoas também”, conduzido pela professora Joelma Inês Casa, venceu na categoria Memórias Literárias. Segundo a docente, a execução do projeto se iniciou ainda em março, quando as aulas estavam no formato remoto. Ao todo, 19 estudantes da turma 602 participaram da atividade.
Para executar o trabalho campeão, a professora Joelma quis quebrar alguns paradigmas. Localizada em Nova Milano, considerada o berço da imigração italiana no Rio Grande do Sul, a Escola Santa Cruz já está habituada a trabalhar a valorização dos imigrantes. Mas Joelma quis ir além:
— Eu quis que meus alunos refletissem como quem não é descendente de imigrante italiano se sente pertencendo a esta comunidade. É uma quebra de expectativa, com um novo olhar para Nova Milano — explica a docente.
Para além das questões textuais, extremamente importantes para o avanço do trabalho na etapas classificatórias, Joelma trabalhou o lado humano, com uma história real vivida pela aposentada Ercila Gervasoni dos Santos, 78 anos, moradora de Nova Milano.
— Ela é uma descendente de imigrantes italianos e, há mais de 50 anos, se apaixonou e se casou com um rapaz negro. Na época, ela precisou enfrentar muita coisa para viver este amor. Aí os alunos escreveram suas memórias literárias, em primeira pessoa, como se a história da dona Ercila tivesse acontecido com eles. É uma reflexão de como o descendente de outra etnia se sente em Nova Milano — detalha a professora.
Dois dos 19 trabalhos foram selecionados como amostra para a 7ª Olimpíada de Língua Portuguesa. Joelma também teve que escrever um relato de prática, onde detalhou o passo a passo do que foi executado.
A medalha de ouro, única que veio para o Estado, teve um gostinho de superação em um ano marcado pelas dificuldades impostas pela pandemia:
—No início do ano eu não os conhecia pessoalmente, tudo foi feito a distância, através de encontros virtuais, pela tela do computador. Somente no final estávamos todos juntos em sala de aula. O desafio maior foi de motivá-los, mas quando eles viram a história de vida que eles tinham em mãos, ficaram muito engajados — comenta Joelma.