A partir de agora o Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, passa a atender as gestantes de risco de 22 municípios daquela região pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O serviço do ambulatório e maternidade desse tipo de gestação foi absorvido por meio da reorganização dos valores repassados pelo governo do Estado no programa Assistir. Com isso, o hospital terá um incremento de 100 gestantes a mais por ano que, antes, tinham como referência Caxias do Sul.
O valor do contrato é de cerca de R$ 50,8 milhões, com recursos municipais, estaduais e federais para a manutenção e realização de 8,7 mil internações, ao ano, e 386.076 procedimentos ambulatoriais anuais. O montante é semelhante ao do contrato anterior, do ano passado, que era de pouco mais de R$ 46 milhões. Houve correção por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) na faixa dos 10%.
Além disso, o hospital recebia incentivo de R$ 150 mil para manter em funcionamento os leitos de UTI pediátrica. Com a reorganização dos valores do Estado, segundo a prefeitura, haveria déficit de R$ 120 mil para este serviço. Para manter a operação dos sete leitos, o município de Bento vai custear esse valor.
— O município entendeu ser de extrema importância manter esses leitos abertos, porque, se fechassem, teria que toda a região ser referenciada para Caxias e sabemos do déficit que a cidade tem — ponderou a secretária de Saúde de Bento, Tatiane Misturini Fiorio.
Também haverá aporte da prefeitura de R$ 46 mil por mês para manter o atendimento oncológico no Tacchini. Isso se deve a defasagem da tabela SUS. A cada mês ingressam em torno de cem pacientes no serviço, conforme a prefeitura de Bento.
De acordo com Humberto Godoy, gerente de relações institucionais do Hospital Tacchini, as principais inovações do novo contrato estão relacionadas a adesão ao Programa Assistir, que prevê incentivos pela adesão às Redes de Atenção em Saúde de Urgência e Emergência, Rede de Atenção Obstétrica e Neonatal, Rede de Atenção Oncológica e Rede de Atenção nos atendimentos voltados às pessoas com transtornos em saúde mental, em nível municipal, regional e estadual, quais sejam: na Urgência e Emergência 24h para a região de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza, nas especialidades de Clínica Geral, Cirurgia Geral, Pediatria Clínica, Obstetrícia e Anestesiologia, para os atendimentos referenciados pela UPA 24h e Samu, servindo de retaguarda nestas especialidades para casos regulados pela Central Estadual; para as gestantes de alto risco, passando a ser referência regional para 22 municípios (320 mil habitantes) nesse atendimento; nos leitos de UTI por meio da regulação estadual para 27 leitos de UTI Adulto, Pediátrica e Neonatal; nos leitos de Saúde Mental na regulação municipal e estadual de 15 leitos de Saúde Mental; e na Oncologia com incentivo à detecção e tratamento precoce do câncer.
O hospital atende uma região de 24 municípios (referência para 333 mil habitantes no tratamento em quimioterapia e radioterapia), tendo realizado em 2020, 9.112 sessões de quimioterapia e 5.740 sessões de radioterapia. Além disto, o Tacchini é referência para oito municípios no tratamento de pacientes em Nefrologia (doença renal), tendo realizado em 2020, 7472 sessões de hemodiálise.
— O hospital atende Bento Gonçalves e os municípios da microrregião do entorno em todos os serviços da média complexidade. Quando se trata de alta complexidade, alguns serviços são referência como a oncologia. Esses atendimentos continuam sendo feitos. O maior incremento no novo contrato foi para manter esses serviços, manter os leitos de UTI pediátrica abertos e não diminuir atendimentos na oncologia porque isso impactaria sim em os pacientes terem que ir para Caxias — declara a secretária.
Sobre os atendimentos que seguem tendo Caxias como referência, Tatiane explica que é muito difícil que uma instituição de saúde tenha habilitação em todas as especialidades:
— Entendemos que todos os hospitais não podem ser habilitados em tudo. Nossos pacientes cardiológicos e neurológicos são referenciados em Caxias. É difícil ter um hospital habilitado em todas as especialidades mas o município sempre trabalha na possibilidade de ampliar o serviço dentro do seu território para evitar o transporte de pacientes porque ele não é bom para ele, para família, para o município e para a instituição.