Oito cidades da Serra gaúcha receberam um alerta da Secretaria Estadual da Saúde (SES) para um surto da doença diarreica aguda (DDA). A enfermidade gastrointestinal tem como principal sintoma a diarreia, que pode ser acompanhada de dor abdominal, náusea, vômito e febre, com duração de 2 a 14 dias. Segundo um levantamento de GZH com dados divulgados por cinco prefeituras da Serra, 1.192 casos da doença foram notificados desde setembro. As ocorrências em Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Carlos Barbosa e Garibaldi são consideradas surtos, situação caracterizada a partir de dois casos com o mesmo quadro clínico e vínculo epidemiológico entre si.
Em Caxias do Sul, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), foram identificados surtos de diarreia, vômito e sintomas gastrointestinais em duas instituições de ensino e em uma empresa de Caxias do Sul, iniciados entre o final de setembro e o início de outubro. Nenhuma pessoa com sintomas precisou de internação hospitalar.
Com o aumento de casos de doença diarreica aguda no município, a SMS afirma que tem aumentado a vigilância em relação à doença. Além da análise laboratorial, está sendo realizada a investigação caso a caso para caracterização dos surtos e mapeamento. Outra ação é ampliar contato entre os serviços de saúde e a rede escolar para rápida identificação e notificação de possíveis novos casos, em especial nas crianças, e reforço das medidas de prevenção para doenças contagiosas.
Em Bento Gonçalves, segundo a secretária da Saúde do município, Tatiane Mistutini Fiorio, os profissionais das escolas também estão sendo orientados a reforçar os cuidados.
Segundo ela, as ocorrências de viroses são comuns, mas que agora foram identificadas com mais incidência em um curto período e que precisam ser acompanhadas pelos órgãos de saúde. Ainda não se tem uma explicação sobre o grande número de casos identificados no município.
— Ao mesmo tempo que é de fácil transmissão, também é de fácil adoção de medidas de prevenção, que passam pela higiene das mãos, principalmente após ir ao banheiro, e cuidado com o consumo de água que não seja potável — explica.
Ainda de acordo com ela, em caso de sintomas leves, é recomendado repouso e aumento na ingestão de líquidos para evitar a desidratação, principalmente em crianças e idosos. Havendo sintomas graves, deve-se procurar a unidade de saúde mais próxima.
Outra orientação é que as escolas que servem refeições devem guardar amostras de todos os alimentos preparados em embalagens apropriadas para alimentos, de primeiro uso, identificadas com a denominação e data da preparação e armazenadas por 72 horas sob refrigeração, em temperatura inferior a 5 ºC. Caso algum aluno apresente sintomas, deve ser isolado dos demais. É recomendado ainda repouso e ingestão de líquidos, para evitar desnutrição.
De acordo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), o agente causador pode ser o norovírus, que é um tipo de vírus com alta capacidade infecciosa e de resistência que provoca sintomas como diarreia, vômitos e febre alta. As amostras clínicas foram encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen) em Porto Alegre. Também já foram coletadas amostras de água em alguns desses municípios, que aguardam resultado da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Casos confirmados ou surtos identificados na região:
:: Bento Gonçalves: 1.036 casos notificados entre 01/09 a 07/10. Deste total, segundo a prefeitura, 39,5% está na faixa etária menor de 20 anos (crianças e adolescentes). A grande maioria dos doentes tem 20 anos ou mais (60,5%). Há uma prevalência nos bairros São Roque, Santa Helena e Vila Nova I e II e Ouro Verd que, juntos, somam 30,8% do total de casos.
:: Carlos Barbosa: São 60 casos, a maioria entre adultos que residem no município.
:: Caxias do Sul: Não informou o número de casos, apenas que foram identificados surtos em duas instituições de ensino e em uma empresa o final de setembro e o início de outubro. Nenhuma pessoa com sintomas precisou de internação hospitalar.
:: Garibaldi: De acordo com a Vigilância Epidemiológica do município, foram registrados 92 casos da doença entre 23 de setembro e 6 de outubro deste ano , sendo 11 crianças e demais todos adultos.
:: Monte Belo do Sul: A Secretaria da Saúde do município informou que não tem dados dos casos da doença porque o hospital de referência para atendimento da comunidade fica em Bento Gonçalves. Os postos de saúde receberam, ao longo dos últimos três meses, cerca de 4 casos leves de virose com as mesmas característica da doença diarreica aguda.
:: Nova Prata: Não contabilizou os dados.
:: São Marcos: Não contabilizou os dados.
:: Pinto Bandeira: Foram contabilizados 4 casos isolados na última semana, todos sem vínculo epidemiológico, segundo a prefeitura. Dessa forma, não é considerado um surto.
O que você precisa saber :
O que causa :
As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por bactérias, vírus e outros parasitas que geram a gastroenterite, que é uma inflamação do trato gastrointestinal. Ela afeta o estômago e o intestino. A infecção é causada por consumo de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados e também pode ocorrer pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos contaminadas, e contato de pessoas com animais.
Como ocorre a transmissão:
A transmissão dos agentes causadores de DDA costuma ocorrer por meio da via fecal-oral, seja pela ingestão de água ou de alimentos contaminados, pelo contato com objetos contaminados ou, ainda, pelo contato pessoa a pessoa. Essas situações permitem um alto alastramento dos agentes causadores da doença na comunidade.
Qual é o tratamento :
O tratamento independe do diagnóstico, pois o objetivo é que o paciente se reidrate. A recomendação é o aumento da ingestão de líquidos como soro caseiro, sopas, sucos não laxantes, mantendo a alimentação habitual, em especial o leite materno, corrigindo eventuais erros alimentares e evitando tomar medicamento sem orientação médica. Persistindo os sintomas e ocorrendo vômitos e febre os pacientes devem ser reavaliados.
Como funciona o diagnóstico :
O diagnóstico do agente causador de uma DDA exige a realização de exames laboratoriais em amostras de fezes (bacteriológicos, virológicos e parasitológicos).
Como se prevenir :
:: As principais medidas de controle e prevenção incluem a lavagem frequente de mãos , especialmente após ida ao banheiro, trocas de fraldas e antes de comer ou preparar a comida.
:: A lavagem cuidadosa de frutas e vegetais, de preferência com cloro, devem seguir as orientações contidas no rótulo da embalagem do produto.
:: Cuidados com a água para consumo humano como, por exemplo, a fervura da água não tratada e o não consumo dela se a fonte não for segura são medidas importantes para o controle de agentes etiológicos de transmissão principalmente hídrica.
:: Após cozinhar os alimentos os mesmos devem ser manipulados de maneira adequada sobre superfícies limpas e de preferência não porosas.
:: Limpar as superfícies contaminadas com álcool ou hipoclorito de sódio sempre que possível, por exemplo, banheiros, pias para lavagem de mãos, entre outros.
:: Os reservatórios domiciliares e de abastecimento (caixas d’agua) precisam ser limpos de preferência anualmente.
Fonte: Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde e da Secretaria Municipal da Saúde de Bento Gonçalves.