Parte do funcionalismo público de Caxias do Sul aderiu à greve que ocorre nesta quarta-feira (18) em âmbito nacional, com pautas também voltadas ao Estado e ao município, mobilizando, especialmente, o setor da educação. A pauta do movimento em Caxias é encabeçada pela "trimestralidade já", "condições dignas de trabalho" e "não à reforma administrativa".
De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv), 78 das 83 escolas da rede municipal não terão aulas nesta quarta-feira - não foi informado quais escolas abrirão normalmente. Segundo a secretaria municipal de Educação, as direções de 77 escolas comunicaram a paralisação e seis não manifestaram alteração no calendário escolar nesta quarta (Abramo Pezzi, Aristides Rech, Arlinda Lauer Manfro, São Vitor, Villa Lobos e Vitorio Rech II).
— A paralisação é um movimento legítimo. A secretaria municipal da Educação orientou as escolas que paralisaram que deveriam avisar o dia que vão repor essa carga horária desta quarta para que os estudantes não sejam prejudicados — afirma a titular da pasta em Caxias, Sandra Negrini.
Ainda de acordo com Silvana Pirolli, presidente do Sindiserv, também está prevista paralisação parcial no Samae e nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que abrirão as portas com equipes reduzidas ou que farão paralisações simbólicas de alguns minutos.
Por volta das 7h, escolas como a Luciano Corsetti, no bairro Kayser, e a Paulo Freire, no Mariani, estavam de portas fechadas. Silvana garante que a comunidade escolar foi informada da paralisação e, por isso, os alunos não devem ir às aulas. A Escola Dante Marcucci, no Cinquentenário, tem aulas nesta manhã. Na rede estadual também há paralisação nesta quarta-feira. Pelo menos três escolas aderiram à greve de forma total, de acordo com núcleo do Cepers de Caxias do Sul: Maria Aracy Trindade Rojas, João Pilatti e Presidente Vargas.
Na UPA Central de Caxias, o atendimento ao público não está prejudicado no início desta manhã. Na UBS do Cinquentenário, 25 pessoas aguardavam pelo início da vacinação contra a covid-19 por volta das 8h15min. A aplicação das doses deverá ser mais lenta na UBS nesta quarta, uma vez que, com o efetivo reduzido em função da paralisação, apenas uma sala de aplicação estará aberta ao longo do dia, segundo a gerente da unidade, Sandra Radaelli:
— Dos sete técnicos que temos, quatro paralisaram, então teremos uma sala a menos. A pediatra da UBS também aderiu à greve. Os demais serviços seguem funcionando normalmente.
Segundo Sandra, a população que tem as UBSs como referência pra vacinação pode buscar, para primeira dose, pontos abertos recentemente pela prefeitura. A mesma informação é repassada oficialmente pela secretaria municipal da Saúde. Confira os postos e horários aqui.
Já na UBS São José, por volta das 9h, não havia filas para atendimentos. A direção da unidade não quis se manifestar, mas afirmou que a aplicação da vacina contra a covid-19 está ocorrendo normalmente nesta manhã.
Às 10h, uma manifestação começou na prefeitura de Caxias do Sul.
— Respeitamos as manifestações, é um direito, porém entendo que esse movimento é inoportuno em função nós estamos impedidos de repassar qualquer avanço de inflação pela lei 173. Durante o ano passado, em função de uma lei aprovada em 2019, colocada no dissídio da categoria, foi concedida toda a trimestralidade ao longo de 2020. Pagamos em janeiro a última parcela. A partir daí não temos mais condições de falar sobre nenhuma reposição de inflação durante a vigência da lei. Já fizemos inúmeras reuniões com o sindicato. Estamos cumprindo a lei. O pessoal que está organizando a manifestação, no meu entendimento, está confundindo o servidor porque todos estão cientes da lei — disse o prefeito de Caxias, Adiló Didomenico.
A adesão ao chamado Dia Nacional de Paralisação foi aprovada por unanimidade em assembleia do Sindiserv que ocorreu na última sexta-feira (13), com 600 participantes. Os profissionais se manifestam contrários à Reforma Administrativa que altera normas que regem o trabalho dos servidores. A pauta tramita atualmente na Câmara dos Deputados como Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020 e pode ser votada até o final deste mês.
De acordo com o Sindiserv, a paralisação também demonstra contrariedade com a atual administração municipal por não realizar o repasse da inflação do período. A entidade também afirma que a gestão tem sobrecarregado os trabalhadores nos mais diversos setores, mas especialmente nos dá saúde, educação, assistência e segurança.