Durante reunião promovida pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, na tarde desta quinta-feira (8), a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) confirmou a renovação do convênio com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) para administração da UPA Zona Norte a partir de 1º de julho. Outra novidade anunciada no encontro é a Clínica de Fisioterapia Municipal, que funcionará junto ao Centro Especializado de Saúde (CES), com atendimento prioritário para pacientes que tiveram complicações por covid-19.
A reunião pública foi promovida para que a SMS e as administradoras das Unidades de Pronto Atendimento Central e da Zona Norte pudessem prestar esclarecimentos sobre os atendimentos e recorrentes reclamações dos usuários. O principal problema apontado pelos representantes das duas empresas durante o encontro se refere à captação de médicos para fechar as escalas de atendimento.
Os maiores questionamentos foram voltados ao atendimento na UPA Central. O Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde (InSaúde), administrador da unidade, inclusive, foi alvo de processo de penalização após um episódio de falta de médicos registrado na noite de 21 de junho — na ocasião, a prefeitura justificou que o caso configurou descumprimento do contrato. Segundo a SMS, o contrato com o InSaúde segue até 15 de dezembro deste ano, porém, não houve manifestação sobre uma possível renovação do serviço.
— No nosso entendimento e na nossa avaliação o serviço prestado por ambas as instituições é satisfatório, cumpre os requisitos legais e contratuais. Obviamente, tivemos, em alguns momentos e situações específicas, alguns contratempos. Esses problemas, quando ocorrem, são de uma maneira pontual — avaliou a secretária da Saúde, Daniele Meneguzzi, destacando que o InSaúde ainda deverá se manifestar oficialmente sobre a notificação.
Em sua manifestação, o coordenador da UPA Central, José Vanderlei Clain Ibing, reforçou a dificuldade de fechar as escalas médicas, principalmente aos finais de semana:
— O grande problema da UPA Central é o abastecimento de profissionais médicos. Começamos com esse problema mais grave em março de 2021, quando a pandemia pegou um pico grande e começou a faltar médico. Tivemos que aumentar os valores dos plantões médicos. Para se ter uma ideia, plantões que eram R$ 100 foram para R$ 150 e plantões que eram R$ 130 foram a R$ 200. Esse valor voltou ao normal depois de março e abril, quando voltamos a ter o problema de fechar as escalas.
— Lá não é um céu de rosas. Dificuldades com médicos nós também temos, o que a gente prega para eles é que tenham fidelidade e nos ajudem — complementou o diretor-geral da UPA Zona Norte, Nilton Kleber Nicolodi.
OUTROS PONTOS DISCUTIDOS
Demora no atendimento
— Esses tempos de espera, que muitas vezes são alvo de críticas e reclamações, dão conta de demora no atendimento de pacientes classificados como azul e verde. Ou seja, pacientes de baixa ou baixíssima complexidade. Não temos tempo de espera elevado para pacientes de risco elevado. Óbvio que essas esperas não deveriam ser tão longas como são em alguns momentos.
Daniele Meneguzzi, secretária da Saúde
Horas extras aos médicos
— Não podemos aumentar inadvertidamente os valores dos honorários médicos porque somos fiscalizados.
Mario Tadeucci, diretor jurídico da SMS
Falta de médicos no sistema de saúde
— A pandemia trouxe inúmeras dificuldades ao sistema de saúde. A falta de médicos tem sido algo que não é exclusividade de nenhum serviço, seja ele público ou privado. A covid trouxe um aumento significativo da oferta de serviços à população, se estabeleceu uma concorrência grande pelo profissional médico. Isso inflacionou o mercado. Tem serviços que estão pagando valores muito elevados de horas por plantão. A UPA Central tem enfrentado isso (falta de médicos) com mais força porque a demanda de usuários é mais expressiva que na UPA Zona Norte.
Daniele Meneguzzi
Clínica de Fisioterapia Municipal
— Estamos na fase de reforma da área e aquisição de materiais e equipamentos necessários para os atendimentos de reabilitação pós-covid. Tão logo tenhamos esses materiais à disposição, iniciaremos esses atendimentos, com profissionais de fisioterapia que já são servidores municipais. Infelizmente, temos uma grande quantidade de pessoas que após infectadas pela covid, ficaram com sequelas e que precisam desse serviço. Acreditamos que, no máximo em 30 a 45 dias, já tenhamos esse serviço à disposição.
Daniele Meneguzzi
Atendimento no dia 21 de junho
— Naquela segunda-feira em que tivemos o problema maior tínhamos, dentro da UPA, dois médicos na urgência e emergência. Em momento nenhum esses setores sofreram prejuízos. Tínhamos os pediatras e psiquiatra atendendo normalmente. Mas tínhamos um médico só na clínica, quando deveríamos ter três, à noite. Aquilo gerou um descontentamento natural. A única médica ficou com medo e deixou o plantão. Fizemos o plano B, de passar os pacientes para a UPA Zona Norte. As providências que estão sendo tomadas é buscar mais profissionais, um levantamento de um valor que consiga ser atrativo.
José Vanderlei Clain Ibing, coordenador da UPA Central