Após quase cinco anos de negociações, a construção do novo prédio da Escola Municipal Laurindo Luiz Formolo, no bairro São Ciro II, em Caxias do Sul, está prevista para começar em agosto, de acordo com a previsão da Prefeitura de Caxias do Sul . O projeto teve início no governo do ex-prefeito Daniel Guerra, em 2017, mas entrou em processo licitatório somente neste ano.
A necessidade de um novo prédio para a Laurindo Formolo se deve à precariedade da sede atual. Construída em 1990 como um anexo da Escola Ângelo Guerra, o imóvel tem materiais com amianto, substância proibida por ser tóxica. Além disso, há problemas no piso e em outros pontos da estrutura, que inviabilizam uma reforma.
A precariedade da escola se tornou tão visível que a construção chegou a ser chamada de “escola de lata”, por causa das latas usadas para cobrir buracos nas paredes e no assoalho.
Novo prédio terá características sustentáveis
O prédio principal terá três andares, oito salas de aula, duas salas de educação infantil, laboratório, biblioteca, sala de artes e sala multiuso. O projeto também inclui ginásio, quadra esportiva e um anfiteatro com capacidade para cerca de 180 pessoas. Além disso, contará com sistema de reuso de água e captação de energia solar.
— O ambiente escolar tem que ter minimamente todos os espaços necessários para que a educação seja de qualidade. A educação pública tem que ser de qualidade em todos os aspectos — explica Sandra Negrini, secretária Municipal da Educação.
A secretária enfatiza que a arquitetura deve ser parte complementar da educação. Para ela, a construção tem o papel de ser uma referência para os alunos e a comunidade.
— O prédio, a arquitetura também devem ser educativos, voltada para o olhar integral do sujeito e da sociedade. Eu acho que todos os prédios, a partir de agora, deveriam ser assim, pois é uma questão ecológica — ressalta Sandra.
O prazo para a conclusão do novo prédio é de 18 meses e envolve uma área de 3.800 metros quadrados. A obra tem custo aproximado de R$ 8,1 milhões. A secretaria estima que, se o tempo contribuir, e a obra avançar conforme o planejado, os alunos poderão ser transferidos ao novo prédio em agosto de 2022.
Impasses no projeto
Solicitada pela comunidade desde 2016, a construção do novo prédio passou por diversos impasses. Após anos de debates, a prefeitura apresentou um projeto à comunidade em 2019. Com o projeto finalizado e aceito pela comunidade, a gestão do ex-prefeito Flávio Cassina, que assumiu em 2020, decidiu desconsiderar o projeto original e apresentar uma segunda opção mais econômica.
A proposta original, em torno de R$ 8,6 milhões, seria alterada para dar lugar a outra de R$ 4 milhões. Além dos custos, também seriam modificadas as propostas oferecidas na construção, o que não agradou a comunidade. Apesar de a prefeitura e comunidade terem chegado a um acordo, em dezembro de 2020, no qual o projeto original foi escolhido com algumas alterações, o impasse acabou atrasando a construção.
Se o cronograma inicial tivesse permanecido sem alterações, a construção da nova escola teria sido finalizada entre o término de 2020 e início de 2021. A diretora Jaciara Ivone Viesser Bovi comemora que o projeto escolhido seja o que atende às reais necessidades da comunidade.
— A gente tem que pensar em futuro, não em fazer puxadinho. Vai ter aquilo que a gente realmente precisa dentro de uma escola e que comunidade merece. Ficamos muito contentes que o projeto original foi oficializado — ressalta Jacira.
O fato de o projeto original ter sido escolhido também foi motivo de comemoração para a comunidade escolar, de acordo com a presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM) da Laurindo Formolo.
— Foi uma vitória porque foi esse o projeto que a comunidade estava esperando. Não podíamos apresentar aquele projeto para a comunidade, porque parecia um "presídio" para crianças. E o projeto atual dá um outro ar e motiva mais as crianças a ir para a escola — argumenta Alexandra.
A nova sede da EMEF Laurindo Formolo será construída utilizando o projeto aprovado pela comunidade, mas no sistema construtivo convencional, em alvenaria.
Em janeiro de 2021, um projeto enviado pelo prefeito Adiló Didomenico (PSDB) pretendia estender a finalidade original do financiamento. O objetivo inicial era utilizar o financiamento para as escolas Atiliano Pinguello, Laurindo Formolo e a Escola de Educação Infantil Campos da Serra. O projeto pretendia destinar a verba para a aquisição de veículos, máquinas e equipamentos.
Transferência para o antigo colégio Mutirão
A escola Laurindo Formolo atende cerca de 370 alunos de educação infantil e ensino fundamental que serão transferidos para o antigo Colégio Mutirão, no bairro Nossa Senhora de Lourdes, durante o recesso escolar. Para garantir que os alunos possam participar das aulas, a Prefeitura irá fretar ônibus da empresa Giratur para realizar o transporte até a escola.
As férias escolares iniciam no dia 19 de julho e retornam no dia 3 de agosto. Entretanto, a diretora da escola Laurindo Formolo está preocupada que a mudança não ocorra em tempo hábil para organizar tudo o que é necessário. Ela destaca que a transferência não inclui apenas a mudança dos móveis, mas também a organização de questões como internet e telefone.
—É muito angustiante essa situação, porque nesse momento eu gostaria de marcar uma assembleia para que os pais pudessem se organizar e se planejar. Mas no momento só posso dizer que vamos nos mudar nas férias, mas não sabemos quando e como vai funcionar — pondera Jaciara.
Atualmente, o Mutirão abriga duas escolas, a Atiliano Pinguelo e a Governador Roberto Silveira. Ambas foram transferidas para o Mutirão em 2019 devido à problemas estruturais. Durante as férias, a estrutura pedagógica da Escola Governador Roberto Silveira será transferida de volta para o bairro Kayser, pois a reforma do prédio já foi concluída. Já os alunos da Escola Atiliano Pinguelo, cujo muro desabou durante uma tempestade, permanecem no prédio do Mutirão e dividirão o espaço com os estudantes da Escola Laurindo Formolo.