Um impasse com relação ao projeto de construção de um novo prédio para a Escola Municipal Laurindo Luiz Formolo atrasou o sonho da comunidade de ter uma sede renovada para a instituição. O debate envolve duas propostas distintas, uma de R$ 8,6 milhões, defendida pela comunidade, e outra de R$ 4 milhões, proposta pelo município.
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As discussões começaram a tomar corpo em julho, quando a Secretaria Municipal da Educação (Smed) convocou representantes da equipe diretiva da escola e da comunidade em setembro para apresentar um projeto alternativo ao que havia sido proposto em novembro de 2019. A justificativa era de que o prédio sairia mais barato e contaria com praticamente todos os recursos da proposta original.
Segundo a diretora, Jaciara Ivone Viesser Bovi, em maio deste ano duas arquitetas estiveram no prédio atual e comunicaram informalmente que o projeto apresentado pelo município no ano passado, avaliado em R$ 8,6 milhões, não sairia do papel. Elas disseram, contudo, que a comunidade seria chamada na Smed para discutir o assunto, o que só ocorreu em julho.
— Na reunião eles disseram "podemos fazer uma escola pela metade do preço". Mas a secretaria se comprometeu e disse que a comunidade iria escolher o projeto que achasse melhor — revela Jaciara.
A proposta original havia agradado porque o prédio seria erguido em três andares onde hoje fica a quadra de esportes e foi projetado a partir das demandas da escola. O que desagrada a comunidade na segunda alternativa é a localização dentro terreno e as características do prédio, embora itens como painéis solares e ar condicionado tenham sido mantidos e a proposta apresente uma sala a mais. Além disso, se o projeto mais barato fosse escolhido, a escola terá que ser transferida temporariamente durante a construção, o que não é necessário no outro caso.
— É um projeto sem luminosidade, circulação de ar e próximo do barranco (que fica no terreno). Tenho mostrado para os pais e eles não concordam com essa planta — observa a diretora.
A presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM) da Laurindo Formolo, Alexandra Copelli Chaves, afirma que não há hipótese do novo projeto ser aceito porque, entre outros motivos, a área externa será menor e o número previsto de banheiros também diminuiu.
— O aspecto é de que será feito um novo presídio, não uma escola — observa.
Município trabalha com terceira opção
A secretária da Educação de Caxias, Flávia Vergani, afirma que o segundo projeto foi proposto a partir de uma avaliação de que R$ 8,6 milhões é um investimento que foge do padrão para uma escola do porte da Laurindo Formolo. Essa conclusão também consta em um parecer da Procuradoria Geral do Município (PGM), solicitada pela Smed. O temor é de que os responsáveis pela construção possam ser responsabilizados pela má aplicação do dinheiro público, caso levem o projeto mais caro adiante.
— Precisamos olhar com cuidado para fazer bom uso do dinheiro público. Precisamos de um projeto que atenda a comunidade e não se gaste valores tão altos — afirma Flávia.
A fonte de recursos para a obra é um empréstimo de R$ 17 milhões aprovado pela Câmara de Vereadores e contratado pelo município. Para chegar a esse valor, que foi analisado pelo Legislativo, o município considerou o valor de R$ 8,6 milhões para a Laurindo Formolo, além de projetos de outras duas escolas e 10 Planos de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). A justificativa para a redução do valor orçado agora é que o projeto foi proposto ainda em 2019, quando a atual equipe não estava na administração. Com os R$ 4 milhões que sobram, segundo a secretária, daria para fazer mais 30 PPCIs. Direção e pais, contudo, reclamam que a decisão de alterar o orçamento ocorreu somente após tudo estar aprovado.
Para tentar resolver o impasse, a Smed trabalha agora com a elaboração de um terceiro projeto, que a secretária garante que será licitado ainda em 2020. Ela afirma, no entanto, que a nova proposta ainda está na fase de conversas com os envolvidos para se chegar a um projeto mais barato e que atenda às necessidades da escola.
— Precisamos ver tudo o que querem para poder atender. É importante eles darem as sugestões — observa Flávia.
Mesmo que se chegue a um consenso, porém, o impasse faz com que não haja prazo para o início da construção. Pelo cronograma original, o prédio já poderia estar em fase final de obras, que poderiam ter sido aceleradas pelo fato de as aulas terem sido remotas em 2020.
Construção antiga
A necessidade de um novo prédio para a Laurindo Formolo se deve à precariedade da sede atual. Construída em 1990 como um anexo da Escola Ângelo Guerra, o imóvel tem materiais com amianto, substância proibida por ser tóxica. Além disso, há problemas no piso e em outros pontos da estrutura, que inviabilizam uma reforma.
A instituição, com 378 estudantes de educação infantil e Ensino Fundamental, também fica ao lado de um barranco, que oferece risco de deslizamento. Por conta disso, uma das preocupações da direção é de que a nova construção fique distante dessa área.