A anunciada passarela de pedestres no acesso ao bairro Planalto, na BR-116, em Caxias do Sul, não vai mais sair do papel, mas a instalação de semáforos proposta pela prefeitura parece não ser consenso em órgãos responsáveis pela rodovia. Tanto representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) quanto do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) apontam que a solução ideal para o trecho passaria por um acesso sem sinaleiras, embora ainda aguardem um estreitamento das conversas com o município a respeito da solução que será proposta.
O anúncio de que a travessia de pedestres não seria mais construída ocorreu no dia 15 de junho, após o prefeito Adiló Didomênico se reunir com moradores e comunidade escolar do entorno (o ponto fica próximo à Escola Melvin Jones). O entendimento para a decisão é de que o local onde ficaria a passarela não tem fluxo considerável de pedestres e não justificaria o investimento. A solução proposta, então, é a implantação de faixas de pedestres e semáforos.
Para o chefe da 5ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jonas Josué Nery, a implantação de semáforos vai continuar gerando acúmulo de veículos no ponto, um dos principais problemas do trecho. Por isso, propõe uma rotatória.
— É com pesar que recebemos a notícia da não concretização da passarela. Gostaríamos que a rodovia tivesse mais pontos de passarela e que o pedestre utilizasse, mesmo que tenha que andar mais. Não somos totalmente contrários aos semáforos, mas sempre tentamos uma solução macro, também pensando na fluidez. Ficaria menos pior do que hoje, mas o ideal seria uma elevada, que deixaria a BR-116 sem interrupções. Sabemos os custos que isso acarreta e, não sendo possível, uma rotatória já ajudaria muito — avalia.
Conforme o engenheiro da unidade do Dnit em Vacaria, Daniel Bencke, o acesso que havia sido proposto e agora será abandonado era uma boa solução para o trecho. Ele afirma ainda não ter recebido contato do município para aprovação de um novo projeto. Essa etapa é essencial pelo fato de se tratar de uma rodovia federal.
— O semáforo é muito agressivo para o fluxo, embora proporcione segurança. O ideal seria implantar o acesso aprovado, embora possa ser proposto um acesso melhor — pondera.
O novo projeto está sob responsabilidade da Secretaria Municipal do Planejamento, e a decisão de cancelar a construção da passarela também contou com a colaboração da Secretaria de Trânsito. Conforme o secretário Alfonso Willembring, a passarela teria custo muito alto e pouca perspectiva de uso.
— O problema é a cultura do uso da passarela. É muito caro e as pessoas não utilizam. Com sinaleiras, pior não vai ficar porque como está hoje já provoca filas. Se colocar semáforo com tempo bem controlado, acredito que resolva esse problema — prevê.
A reportagem não conseguiu contato com a secretária do Planejamento, Margarete Bender.
Perigos do acesso
Além de gerar congestionamento em horários de pico, o acesso atual ao bairro Planalto é apontado como um trecho de alto risco de acidentes. Por isso, é necessária uma reformulação. De acordo com o chefe da 5ª Delegacia da PRF, Josué Nery, o bairro é bastante populoso e também permite acesso a outras áreas do entorno.
— O refúgio central comporta de quatro a cinco veículos. Em momentos de maior movimento os carros ficam sobre a faixa da esquerda, justamente a de trânsito rápido. Às vezes são 10 ou 15 veículos parados. Acreditamos que não ocorrem acidentes mais graves porque a maior parte dos veículos são de Caxias e os motoristas já conhecem os problemas — observa.
A modificação do acesso chegou a ter contrato e ordem de início assinadas ainda em 2020. No entanto, a empresa contratada para a obra não deu início ao trabalho. Após meses de negociações, penalidades aplicadas e prazos para recursos, o município decidiu rescindir o contrato. Inicialmente, uma nova empresa seria chamada para a obra, mas o município decidiu rever o projeto durante os trâmites.
Sugestões de melhorias
Há cerca de dois meses, a PRF trabalha na elaboração de um relatório técnico com sugestões de melhorias para os 12 quilômetros da BR-116, entre o acesso a Ana Rech e a rótula com a Avenida São Leopoldo. Entre as sugestões estão a instalação de barreiras físicas no eixo central da pista nos pontos não duplicados para evitar travessia de pedestres e também conversões indevidas. Outra alteração sugerida é a revisão dos pontos com semáforos, especialmente nas proximidades do bairro Serrano. A intenção é modificar acessos para remover alguns aparelhos.
— Também vai requerer boa vontade de quem utiliza a rodovia, porque vai encontrar pontos de conversão à esquerda fechado e buscar um retorno à frente. Em Caxias temos muito essa política de querer ter acesso direto. Temos que rever esses conceitos sob pena de continuar discutindo isso daqui a 20 ou 30 anos — observa Josué Nery.