Foi prorrogado até 31 de agosto o prazo para jovens que completam 18 anos em 2021 realizarem o alistamento militar. As inscrições, que podem ser feitas online ou na Junta de Serviço Militar (que funciona no Centro Administrativo Municipal), estão abertas desde janeiro e encerrariam nesta quarta-feira (30). O decreto presidencial, no entanto, determina a prorrogação "devido ao enfrentamento da pandemia da covid-19", medida que também foi adotada pelo governo federal em 2020.
De acordo com o secretário responsável pela Junta de Caxias do Sul, Carlos Capra, cerca de 2,5 mil jovens da classe de 2003 haviam se alistado até esta terça-feira (29), sendo que a estimativa para este ano gira em torno de 3 mil.
— A gente não sabe exatamente o motivo pelo qual demoram, mas o interessante é que a prorrogação oportuniza que os jovens mais desavisados ou que não lembraram, que ainda façam dentro do prazo — afirma Capra.
O alistamento obrigatório para homens está previsto na Lei nº 4.375, de 1964. No Artigo 24 especifica que, em caso de ausência do processo de seleção para o Serviço Militar, o mesmo passa ser considerado refratário, algo que o impede de obter certos documentos, além de comprometer empregabilidade ou matrículas em instituições de ensino. Mais do que isso, o jovem também passa a ter prioridade na incorporação a partir do momento em que procurar a regularização.
Em Caxias do Sul, os alistados são encaminhados para seleção do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe) que, após etapas de avaliação, incorpora até 194 conscritos em março do ano seguinte ao alistamento.
— Parte do nosso critério tem a ver com a saúde, e claro que observamos também a questão do voluntário, apesar do Serviço Militar ser obrigatório — afirma o Major Hamilton Mello Vieira, subcomandante do 3º GAAAe.
Conforme regramento, são isentos do Serviço Militar obrigatório portadores de deficiência física definitiva, notoriamente incapaz ou com incapacidade temporária; jovens casados, pais ou responsáveis pelo sustento da família; ou integrante da denominação Testemunha de Jeová, desde que encaminhe processo de isenção. Constitucionalmente, as Forças Armadas devem "atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar".
Quando recrutado, o jovem passa a cumprir o Serviço Militar obrigatório, podendo deixar o quartel nas baixas que ocorrem de janeiro a fevereiro do ano seguinte — antecedendo a entrada da nova turma. Ao longo de um ano, ele passa por uma série de treinamentos, sendo também locados em diferentes seções.
— Temos todas as áreas aqui: burocrática, de pessoal, comunicação social, mecânica, cozinha... O Exército é bem democrático, tem lugar pra todo mundo, com possibilidade de aplicar conhecimentos e aprender muito mais — afirma o subcomandante.
— O soldado de Caixas é diferenciado em termos de disciplina. São disciplinados e trabalhadores, algo muito bacana aqui da cidade. Aqui (no quartel) geralmente é o primeiro contato deles com emprego e isso lapida eles. Aprendem valores, comportamento, trato com companheiro, com superior, e isso favorece muito depois, as empresas buscam esse perfil, porque já é um andamento. Aqueles que ficaram mais de um ano, mais ainda — completa.
Caso deseje seguir como soldado profissional, o engajamento pode ser renovado anualmente, por até oito anos. Este processo depende da abertura de vagas, que no quartel de Caxias do Sul variam de 15 a 20 soldados. Este foi o processo que deu sequência à trajetória militar do soldado João Guilherme da Silva, 20. Ele conta que foi voluntário para o Serviço Militar obrigatório e decidiu permanecer na profissão após o recrutamento até concluir o curso superior em Administração que iniciou neste ano.
— Vou ficar até terminar a faculdade, depois pretendo prestar concurso público na área da Segurança Pública. Estar aqui é algo que gosto muito, é uma doutrina: a gente aprende o caminho e depois é só seguir — comenta o soldado.
Também de forma voluntária, Alexandre Luiz dos Santos, 18, foi incorporado ao 3º GAAAe neste ano. O jovem da classe de 2002 cumpre hoje o Serviço Militar obrigatório como recruta e conta que desde criança sonhava em seguir a carreira, algo que exigirá dele o empenho em cursos preparatórios do próprio Exército Brasileiro.
— Eu sempre tive esta vontade e fiquei ainda mais ansioso a partir do momento em que visitei o quartel com a escola. Não sei dizer o porquê, mas parece que simplesmente nasci pra isso e desde pequeno vinha me preparando, especialmente na parte de aptidão física — relata o recruta.