Com a pandemia, muitas pessoas passaram a comprar de forma online para evitar a exposição ao coronavírus. Porém, além de um clique para finalizar as compras, muitas etapas precisam acontecer corretamente para que o cliente receba seu produto em casa ou no trabalho. E uma delas, a da entrega, vem decepcionando clientes dos Correios em Caxias do Sul. Muitas encomendas, segundo relatos, ficam paradas em Porto Alegre e chegam com até um mês de atraso.
Marta Troian Pulita é professora municipal de Caxias e, com a pandemia, necessita dar aulas de casa, pelo computador. Ela estava utilizando o celular, o que dificultava o uso de outros recursos como passar vídeos e apresentações, então decidiu comprar um computador novo. A compra, postada pela loja no dia 27 de abril, chegou apenas no dia 14 de maio.
Além da demora, o que mais frustrou a compradora foi a falta de informação. Sem resposta por telefone ou via site, Marta precisou se deslocar até uma agência dos Correios.
— Realmente me senti frustrada pela situação e impotente por não poder fazer nada e não ter retorno. A insegurança toma conta da gente em função da falta de informação. Só ouvi: "tem que aguardar", só que isso não nos tranquiliza — lamenta a professora.
A demora na entrega de produtos pelos Correios também atrapalhou o funcionamento da empresa de Juliana Duarte Comin. A matéria-prima utilizada pelo empreendimento que vende laços precisa ser comprada fora do Brasil. Segundo Juliana, após ter diversos problemas, agora ela só utiliza o serviço dos Correios quando não tem outra opção:
— Fiz uma compra semana passada por Sedex, era para chegar em três dias e chegou em sete porque ficou parada em Porto Alegre sem atualizar o rastreio. Eu opto por Sedex porque preciso da matéria-prima com urgência. Tu já paga um valor alto para chegar rápido e, mesmo assim, não chega.
Juliana conta ainda que no final de 2020 encomendou sacolas que deveriam chegar em 15 dias. Após 25 dias, ela fez uma reclamação aos Correios e recebeu uma resposta depois de mais cinco dias.
— Eles me avisaram que não sabiam onde estavam minhas sacolas. Precisei fazer uma reclamação no site Consumidor.gov e as recebi em cinco dias. Ou seja, deveria demorar 15, mas demorou 45 dias para chegar. Me sinto muito desrespeitada — lamenta.
A encomenda de outra compradora, a psicóloga Marina Carlin Brisotto, também ficou presa na Capital. O prazo total de entrega prometido pela loja foi de até cinco dias. Porém, conforme conta Marina, o produto levou quase um mês para chegar.
— É desconfortável, pois sempre que fazemos uma compra, criamos uma expectativa com base no que foi prometido pela loja — destaca.
Por meio da assessoria de imprensa, por e-mail, os Correios não detalharam os motivos dos atrasos de encomendas, nem confirmaram se a situação ocorre em função da falta de funcionários, como foi dito para uma cliente, informalmente. Em nota, disseram que "desde o início da pandemia seguem adotando medidas para manter o atendimento à população". O comunicado ainda destaca que "Para agilizar a distribuição e amenizar os impactos na execução dos serviços, a empresa complementa as ações rotineiras promovendo a realização de horas extras, plantões nos finais de semana e reorganização constante dos processos de trabalho".
Os Correios, no entanto, não dão um prazo para que as entregas sejam normalizadas.