O Sindicato das Instituições de Educação Infantil Particulares de Caxias do Sul (Sinpré) orienta que as escolas suspendam o atendimento aos alunos nesta segunda-feira (1º), cumprindo assim decisão judicial do domingo (28). A determinação, que vale para todo o Estado, pegou pais e direções de surpresa e, nesta manhã, algumas escolas ainda recebem estudantes.
— As escolas estavam atendendo e cumprindo com todo o protocolo e as medidas necessárias. Estávamos tendo uma grande procura. A partir dessa semana, com certeza, diminuiu por muitos estarem sem trabalhar ou em teletrabalho. Mesmo assim, as famílias dos serviços essenciais precisam das escolas abertas — relata a presidente do Sinpré, Bruna Volpato.
Com a decisão no domingo à noite, as famílias estão tendo que se organizar rapidamente, como no caso da assistente social Danielle Izé Balsemão Valentini, 44 anos, e do motorista Alex Sandro Valentini, 46. O casal tem dois filhos, um de 14 e outro de dois anos. A programação era que o menor fosse à escola nesta segunda-feira a partir das 11h, mas agora os planos mudaram. É o filho maior, Miguel, que vai cuidar do irmão, Vitor.
— Não tenho como trabalhar remotamente. Ainda estou fazendo visita domiciliar. Não tenho liberação, porque é meu trabalho. Comissão de frente é comissão de frente — conta a mãe, assistente social que trabalha em visitas domiciliares em Flores da Cunha.
Na terça e na quinta-feira, como Danielle trabalha à tarde e Miguel terá aulas nesse período, Vitor terá de ficar junto com o pai no trabalho.
Nesta manhã, como a decisão judicial ainda não era de amplo conhecimento, muitos pais levaram os filhos às escolas. Foi assim com Pedro Onzi Boakoski, de quatro anos. A mãe, Aline Onzi Boakoski, 40, que trabalha como analista de vendas, está em home office, mas diz que há uma alta complexidade em trabalhar e, ao mesmo tempo, cuidar de uma criança pequena. O pai, Evandro Boakoski, 39, é representante comercial e não adotou o teletrabalho. Por isso, a decisão por hoje é manter Pedro na escola enquanto for possível:
— Vamos buscar no final do dia, a menos que seja obrigado a buscar antes, porque no ano passado a gente tirou ele da escolinha por questões de insegurança e tudo mais. Esse ano, ele voltou. O que a gente sentiu por parte da escolinha onde ele frequenta foi um extremo cuidado do pessoal. A gente está muito seguro em deixar ele lá.
Na Cia do Carinho, escola que Pedro frequenta, a decisão foi manter as aulas até uma notificação oficial do sindicato sobre a medida a ser tomada. O movimento, no entanto, já é reduzido:
— Diminuiu bastante em função da bandeira preta. Os pais que podem estão segurando em casa — conta a vice-diretora, Franciele Costella.
Na rede municipal, apenas as escolas com gestão compartilhada da Educação Infantil haviam retornado às atividades. A secretária da Educação, Sandra Negrini, diz que a suspensão será cumprida:
— Estamos organizando para cumprimento da liminar e aguardando o recurso do Estado.
Rede Murialdo
Nos colégios da rede Murialdo de Educação, a partir dessa segunda-feira, as aulas para todas as turmas ocorrem de forma remota, e não presencial. As atividades presenciais do turno integral também estão suspensas.
Conforme nota divulgada pela rede, "a instituição está à disposição de todos para sanar dúvidas e dar o suporte necessário para que os alunos possam participar efetivamente das aulas. Nesse momento, é preciso seguir todas as recomendações dos órgãos de saúde, pois com o alto índice de contaminação o sistema de saúde está próximo ao colapso. Por isso, é necessário que cada um faça sua parte, evitando aglomerações, usando máscara e tomando todas as medidas de prevenção".
A unidade do Centro terá um plantão de atendimento para tirar dúvidas: pelos telefones (54) 3221.2890 e 99600-7988 de segunda a sexta, das 7h às 18h.
Escola São José
A escola São José também cumpre a determinação judicial. A partir desta segunda-feira, as aulas são remotas. Três crianças, no entanto, foram acolhidas pela escola porque os pais não tinham com quem deixar. Mas, conforme o diretor Jorge de Godoy, apenas hoje foram recebidas essas poucas crianças para que as famílias possam se organizar nesta segunda-feira.
— Estamos cumprindo a decisão, não temos outra opção — acrescenta.
Caetano, quatro anos, foi uma das crianças que ficou no São José. O colégio abriu uma exceção nesta manhã. Daniel Dutra e a esposa, os pais de Caetano, são professores e terão que buscar o filho ao meio-dia porque a direção já avisou que não poderá ficar com ele à tarde. Daniel reclama que não houve divulgação com antecedência da decisão judicial, o que impediu uma organização da rotina da família.
— O que nos pegou de surpresa foi a decisão de madrugada. Existem alternativas que a gente acaba tendo de buscar, mas quando a decisão é feita na madrugada e a gente fica sabendo por grupos de WhatsApp, fica difícil. Com tanta fake news circulando por aí, até saber o que é verdade e o que é mentira, a gente veio para escola. Foi essa situação que nos colocou com um problema mais emergencial — diz Daniel.
La Salle Carmo
A escola La Salle Carmo recebeu alguns alunos nesta manhã, mas a tendência é de suspensão das atividades presenciais a partir da tarde desta segunda-feira. Conforme o Departamento de Marketing e Comunicação, isso só depende de uma notificação oficial da mantenedora da rede e, depois, os pais serão comunicados oficialmente por e-mail.
Colégio São João Batista
Em nota aos pais, o Colégio São João Batista informou que também vai seguir a decisão judicial e manterá atividades virtuais. “Nos solidarizamos pelos transtornos que esta decisão possa estar acarretando na organização familiar, mas também entendemos que a vida é mais importante”, diz a nota.