Com 55 pacientes internados nesta sexta-feira (19), entre suspeitos e confirmados, o Hospital Arcanjo São Miguel, de Gramado, está operando no limite. No começo da tarde de sexta, o painel da Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontava que a instituição tinha três pacientes a mais necessitando cuidados intensivos (21) do que o número de leitos de UTI existentes (18). Somente dois não eram relacionados à covid-19.
Entre os leitos públicos, a situação era um pouco melhor. Dos 15 disponíveis, 14 estavam ocupados. Mas, entre os privados, havia sete pacientes para três vagas, um índice de ocupação de 233,3%. Por isso, a sala de recuperação foi transformada em leitos de manejo intensivo.
– Estamos organizando a transferência de alguns para hospitais menos sobrecarregados. As cirurgias eletivas foram suspensas, a fim de ficarmos no manejo covid. Temos suprimentos, medicamentos e oxigênio. Não houve colapso, mas uma sobrecarga como não havia acontecido ainda. Estamos no limite. Colapso é quando não se consegue mais atender, o que não é o caso – ponderou o diretor do hospital, Márcio Slaviero.
Segundo ele, a situação se deve ao aumento significativo de atendimentos e internações pela doença nos últimos dias. Talvez, em função da variante identificada na cidade. Três pacientes de leitos SUS seriam transferidos ainda na sexta-feira para Caxias do Sul, Garibaldi e São Marcos.
Alguns pacientes ocupam macas e poltronas no hospital, mas não há ninguém nos corredores, conforme o secretário de Saúde do município, Jeferson Moschen. Ele diz que há a possibilidade de transformar a sala de recuperação em UTI para abrir novos leitos:
– Temos condições necessárias, mas precisamos adequar as equipes. Então, estamos tentando não dar um passo que não seja consistente. Nesse sentido, a prioridade é transferir esses pacientes e ficarmos preparados para uma possível criação da SR (sala de recuperação) como UTI.
Segundo Moschen, a demanda no Centro Municipal de Saúde, referência para atendimento covid-19 na cidade, também chegou ao ponto máximo. Na última quinta-feira, foram atendidos 196 pacientes. Até janeiro, a média era de cerca de 70 pessoas. Esse pico pode ter ocorrido porque a prefeitura conclamou os moradores que buscassem assistência precocemente na tentativa de aliviar o hospital.
– Foi o recorde dos recordes. Hoje (sexta) já começou mais calmo. Colocamos mais médicos para atender – declarou o secretário.
Entre os atendidos no hospital, uma parte de cerca de 15% a 20% é de turistas. Eles seguem o mesmo caminho dos moradores de Gramado. Devem procurar primeiramente o centro municipal.
Diante da situação da cidade, o secretário faz um apelo à comunidade:
– Pedimos o apoio da população para distanciar, não sair de casa se não tiver necessidade, evitar aglomerações, usar máscara, manter a higiene, controlar a ida aos locais, como supermercados. São coisas pequenas, mas que ajudam a evitar a proliferação do vírus.
O pedido deve ser reforçado com a utilização de um carro de som, que percorre as ruas do município desde sexta-feira.