— Estamos apavorados!
A frase da secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, foi a mais forte da reunião entre Governo e prefeitos do Rio Grande do Sul. Ela também justifica a decisão do governador Eduardo Leite (PSDB), a ser confirmada ainda nesta quinta-feira (25), por interromper a cogestão de sábado (27) até domingo (7). Todos os dados apresentados às associações municipais apontaram o quadro crítico que vive o Rio Grande do Sul e a bandeira preta em quase todo o território gaúcho se torna tendência na próxima semana.
A definição não agradou a boa parte dos prefeitos que externaram suas posições na reunião, incluindo a Amesne, mas os argumentos se mostraram insuficientes para que Leite mudasse de opinião. Todos aqueles contrários eram rebatidos pelo Governador. Já no final da reunião, o Ministério Público Estadual, através do promotor Fabiano Dallazen, mostrou total apoio à determinação sobre o fim da cogestão. Ainda alertou que caso seja mantida, ela será judicializada. Isso poderá manter restrições mais duras e por mais tempo.
A decisão final será exposta após uma reunião com o Gabinete de Crise, ainda nesta quinta.
Dados alarmantes
As internações hospitalares dispararam no mês de fevereiro e seguem aumentando diariamente. Os dados mais críticos apontam um crescimento quatro vezes superior neste mês, quando comparada com as outras duas ondas de contágio. As internações em UTI aumentaram 3,2 vezes. No entanto, o registro mais alarmante é de que 75% dos pacientes que vão para leitos de alta complexidade acabam falecendo. Nessa tendência, o Rio Grande do Sul pode chegar a 15 mil vítimas até ou dia 15 de março, atingindo 200 mortes por dia.
Os dados da Secretaria Estadual da Saúde apontam que quase cinco mil gaúchos estão hospitalizados por conta da covid-19. Uma variação diária de 246 pacientes. Segundo a pasta, já está em vigor o último nível do plano emergencial. Em resumo, pede aos hospitais para que toda estrutura das instituições se tornem ambientes para receber pacientes positivos ou suspeitos para o coronavírus.
— Não haverá leitos suficientes, especialmente de UTI, para atender a demanda que é crescente. Crescente a ponto de deixar uma lista de espera que nos aflige. O aumento é maior que a possibilidade de atendimento — relatou a secretária.
O único representante a rebater os dados foi o prefeito de Cotiporã, José Carlos Breda (PP), representante da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), que responde por Caxias do Sul. Breda considerou a exposição assustadora, mas deixou em dúvida se os dados disponíveis pelo Estado estão corretos. Ele ainda ressaltou, com dados diferentes, que não há tantas internações por covid-19.
—Nós fizemos um levantamento através do Sivep-Gripe, e na nossa região não houve aumento de internações nos leitos de UTI. Houve muito menos do que em dezembro. Agora se mantém estável no mês de janeiro e deste período não foram lançados. Será que a nossa região tem 299 leitos disponíveis que estão no dashboard? Estamos preocupados se estão todos disponíveis e como são informados no dashboard.