Lessandra Michelin, professora da Universidade de Caxias do Sul, médica infectologista que assessora o Ministério da Saúde para assuntos relacionados a vacinas, e diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia, é clara ao falar do importante momento vivenciado nesta semana:
— Iniciamos uma nova fase na luta contra a covid e com uma arma validada pela ciência.
A declaração foi dada durante entrevista ao programa Gaúcha Hoje, da rádio Gaúcha Serra, na manhã desta segunda-feira (18). Segundo a especialista, há comprovação de eficácia nas doses. Lessandra atua em um grupo especial que acompanha e estuda a imunização contra a covid-19 desde agosto do ano passado e trabalha em um plano nacional que prevê logística e insumos necessários para a aplicação.
— É um momento de muita honra e felicidade. Vai prevenir de as pessoas chegarem ao hospital e virem a morrer de covid e, por isso, realmente é um momento histórico — diz Lessandra, que acredita que a vacinação irá ocorrer durante todo o ano de 2021:
— Não esperamos uma totalidade. Esperamos, depois, atingir a cobertura mínima de 70% para que consigamos ter um bloqueio de doença. No primeiro momento, a vacina não estará liberada para comércio, é exclusiva do Ministério da Saúde. Não adianta estar ligando e correndo para clínicas, porque não estará liberada. Primeiro, porque não temos muitas doses. E também porque toda vacina que entrar no país precisará ter o lote regularizado e liberado pela Anvisa. Ainda precisamos de um sistema nacional de vigilância, que é acompanhar cada pessoa que tomou a vacina. Não tem como comprar e sair aplicando na rede privada.
A médica garante a eficácia da imunização, mas diz que esta é uma campanha totalmente dependente da população. Questionada sobre o grupo de pessoas que optam por não receber a vacina e como ele pode comprometer a meta de 70%, ela demonstra preocupação.
— Se acontecer como no calendário nacional em que a população não está buscando a imunização, iremos ficar muito aquém do desejado de proteção. Sabemos que precisamos controlar o vírus num percentual para que ele circule menos. Se uma pessoa que é grupo de risco não se vacinar, ela continua com risco de adoecer e transmitir. Não é uma questão individual, é coletiva. É proteção de toda uma comunidade. Na verdade, nenhuma vacina é 100%, mas nós temos 100% de eficácia para não ficar em estado grave e chegar na UTI — explica.
Sobre as pessoas que já foram infectadas por coronavírus, a recomendação é realizar a vacinar da mesma forma já que a imunidade natural dura entre três e cinco meses. Inicialmente, a imunização teria prazo de cerca de um ano. Conforme a especialista, ainda não há previsão para comercialização e, segundo Lessandra, quando iniciar, será de alto custo.