Desde 2020 aprendemos novos mantras com a pandemia do coronavírus, mas o principal é que quanto menor o contato, menor a probabilidade de transmissão. É algo tão dito que ficou óbvio e que melhor se vê no interior de Caxias. Três localidades mais afastadas somam o menor número de casos e óbitos por covid-19: Linha 40, Vila Oliva e Criúva. Juntas, elas somam 48 registros e um óbito.
Dos três locais, a Linha 40 é a que tem um estilo diferente. O distrito é um pouco mais próximo do centro, mas já não é somente de parreirais que a paisagem está formada. Existem ali cerca de 12 condomínios residenciais fechados. Ainda assim, preserva todas as características de interior. Tanto que os únicos locais que aglomeravam um número maior de pessoas eram a igreja e a sede do Palmeiras. Mas a pandemia mudou tudo.
O clube pouco abriu desde março. A maior parte do tempo é para a limpeza e manutenções. O futebol até retornou com a Copa Caxias, mas o movimento foi pequeno. Os poucos espectadores mantinham distância e mudaram as características do período pré-pandemia. Na sede, segundo um morador mais próximo, os idosos que frequentavam o local foram os primeiros a permanecerem nas suas casas.
Por ser uma comunidade de interior, outra realidade que alterou é a tradicional missa católica. Os cultos, que eram realizados duas vezes por mês, cessaram. De março até janeiro de 2021, somente no feriado de Finados houve celebração. Era uma época em que o quadro parecia de arrefecimento da pandemia – mesmo que já houvesse uma alteração na curva de contágio. Os moradores da localidade buscaram outra alternativa.
— A participação nas missas antes da pandemia era pouca e a maioria eram idosos. Então, eles disseram que seria melhor participar em igrejas maiores e, por enquanto, não rezar lá — comenta o padre Evair Ongaratto, da igreja do Santa Catarina e que atende a comunidade.
Em Vila Oliva o cenário não é diferente. Desde o primeiro “lockdown” em Caxias, os idosos e pessoas com comorbidades se resguardaram. Num distrito pequeno, os primeiros dias davam a impressão de uma cidade fantasma: apenas os mercados, a subprefeitura e os agricultores mantiveram a rotina.
Os eventos foram praticamente extintos e os mais jovens abasteciam os idosos e demais pessoas com mantimentos dos mercados. Apenas três festejos no modelo drive-thru foram realizados no salão paroquial. Já as missas voltaram no final do ano. Segundo o subprefeito do distrito, Tamiel Bergamin, semanalmente é utilizado peróxido de hidrogênio nas ruas para descontaminação. O produto é cedido pelo Samae e a aplicação realizada com tratores dos agricultores da comunidade. Bergamin também ressalta uma mudança pequena, mas que na vida da comunidade é enorme:
— Hoje tu achas estranho o pessoal se cumprimentar. Nós, do interior, que temos isso desde criança, sentimos no pessoal. Quando a gente vai na casa de alguém pedir informação, eles falam contigo só pela janela e na rua só de máscara — conta.
O interior, definitivamente, teve que se adaptar a uma nova rotina para fugir do vírus.