É consenso entre biólogos e estudiosos do assunto: com o avanço dos centros urbanos sobre as matas, os animais se veem cada vez mais obrigados a conviver com a presença humana. É o caso dos gambás, animais de hábitos noturnos que aproveitam a escuridão para se deslocar à procura de alimento. Quando precisam atravessar estradas, ficam sujeitos a atropelamentos, muitos deles fatais. A mãe dos oito gambazinhos da foto acima não resistiu, mas os bebês podem ter uma chance graças ao trabalho das equipes que trabalham para o resgate e a reabilitação desses animais.
O grupo de marsupiais foi encontrado nessa semana no interior de Gramado e encaminhado ao Gramadozoo pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. No hospital do zoo, recebem cuidados especiais para que possam voltar à natureza. Eles são tão pequenos que se alimentam por meio de uma seringa.
Tatiane Nunes, bióloga e responsável técnica do Gramadozoo, explica que os deslocamentos são muito frequentes nessa época, uma vez que o período é de reprodução:
— A fêmea carrega os filhotes na bolsa marsúpio, como ocorre com os cangurus. São vários que ficam dentro da bolsa. Quando a mãe acaba sendo vítima fatal de atropelamento, por exemplo, os filhotes saem da bolsa. É comum encontrar fêmeas mortas e os filhotes no chão, ao redor da mãe. Tentamos salvar todos que recebemos, mas nem todos alcançam a idade adulta. Alguns chegam muito pequenos.
Primos dos cangurus, os gambás comem frutos e pequenos animais. Por meio da sua alimentação, ajudam a dispersar sementes e a controlar a população de carrapatos, serpentes e escorpiões, carregando uma função importante no ecossistema. Ainda assim, segundo Tatiane, muitas pessoas têm preconceito contra a espécie e acabam agredindo ou atropelando os animais intencionalmente. Mas a bióloga faz um alerta importante:
— Todo animal tem uma função.