A jovem Lorenza Pabst Botton, 18 anos, ganhou destaque na 35ª edição da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec). Estudante do terceiro ano do Curso Técnico em Viticultura, ela conquistou três prêmios com o projeto de pesquisa “Razão e paixões na moralidade em Hume” na última sexta-feira (11).
A bento-gonçalvense se classificou como segunda colocada na área “Educação e Humanidades” e recebeu os prêmios Jovem Cientista, da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, bem como o APM-Liberato CNPq. Lorenza foi a primeira estudante da instituição de ensino de Bento Gonçalves a ganhar destaque na Mostra, além de garantir o credenciamento para a ISEF e o Prêmio Jovem Cientista. Essa premiação é concedida desde 2010 e possibilitará que Lorenza apresente o projeto na 73ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no próximo ano.
Além disso, o prêmio APM-Liberato CNPq permite que a jovem participe do Regeneron ISEF 2021, evento organizado pela Society for Science and the Public (SSP), nos Estados Unidos, com participação de estudantes de 70 países. A ISEF é a maior feira científica internacional voltada apenas para estudantes pré-universitários e, em função da pandemia, terá a próxima edição realizada de forma virtual, em maio de 2021. Somente nove projetos apresentados na Mostratec 2020 representarão o Brasil na ISEF.
Para Lorenza, tanto a participação na 35ª Mostratec, quanto as premiações recebidas, ainda parecem inimagináveis.
— Ainda soa muito irreal, mas estou feliz com o reconhecimento e em poder representar o campus em uma feira internacional. Historicamente, os projetos indicados à feira e as premiações feitas eram majoritariamente por projetos relacionados a pesquisas nas áreas de biotecnologia ou engenharia, o que não é meu caso. Fico muito feliz pela premiação e agradeço ao meu orientador, professor Franco Soares, por ter me convidado a participar de tudo isso, junto com o CNPq e o IFRS por acreditarem na pesquisa — descreve a estudante.
O PROJETO DE PESQUISA
Intitulado “Razão e paixões na moralidade em Hume”, o projeto foi realizado desde 2019, com a orientação do professor Franco Soares, e abrange a área da filosofia. O trabalho trata sobre questões éticas, mais especificamente sobre as consequências de se conceber a motivação moral a partir de uma disputa entre os elementos racionais e emocionais da psicologia humana.
A pesquisa é fundamentada na teoria do filósofo escocês David Hume e buscou compreender os processos psicológicos que levam as pessoas a agirem da forma em que agem e, a partir disso, incentivar o desenvolvimento de um modelo ético baseado nesses processos.
— Os objetivos principais foram defender que a ética deve influenciar o comportamento por meio das emoções e o quanto o desenvolvimento científico-tecnológico não pode estar separado da reflexão sobre que tipo de sociedade queremos desenvolver por meio da ciência. A teoria humana prevê que apenas as emoções podem dar fim às ações, e que a razão apresenta os meios para atingi-las. Com base nisto, um sistema ético não pode ser baseado em princípios exclusivamente racionais, mas deve influenciar o comportamento por meio das emoções — explica Lorenza.
A apresentação e os materiais do projeto de pesquisa da estudante podem ser conferidos no site da Mostratec, que neste ano ocorreu de forma virtual por causa da pandemia.
