A liberação do autoatendimento nos restaurantes vai trazer um impacto positivo para o setor, que sofreu com a redução de clientes ao longo dos últimos meses devido à pandemia. A perspectiva do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho (SEGH), que representa 19 municípios da Serra, inclusive Caxias do Sul e Bento Gonçalves, é de um crescimento de 10% a 15% no número de frequentadores desses espaços.
Só em Caxias do Sul, cerca de 25 restaurantes fecharam desde março. Isso representa 6% do total de 400 estabelecimentos no maior município da Serra. Além da redução de mobilidade da população, com escolas fechadas e atividades econômicas restritas, o setor também foi afetado pelas regras impostas pelo Estado. Autorizados a funcionar, os restaurantes tinham que manter um funcionário para servir os clientes, que estavam proibidos de manusear os utensílios. A reportagem chegou a flagrar restaurantes em setembro que disponibilizavam luvas para o self-service. De acordo com os proprietários, os próprios clientes faziam pressão para a liberação do autoatendimento.
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Agora, as regras definidas pelo governo estadual na semana passada excluem o uso de luvas, mas estabelecem uma série de medidas para prevenir o contágio pelo coronavírus, como o uso de máscara na fila e uso do álcool gel antes e depois de se servir. O distanciamento deve ser de ao menos um metro entre os clientes na fila e de dois metros entre as mesas, com marcação no chão. Também é preciso usar protetor salivar nos buffets e fazer a troca constante de talheres e pegadores, além de embalar individualmente garfos, facas e colheres. O presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho, Vicente Perini, afirma que essa liberação deve aumentar a circulação de pessoas nos restaurantes e garante que os estabelecimentos estão preparados para cumprir todas as normas.
— Faz seis meses que a gente está junto ao governo mostrando as precauções, mostrando a agilidade que dá na fila. Dá menos tumulto, menos aglomeração, deixando o self-service. Então, a gente sempre foi em busca disso, claro que com todos os cuidados.
O Sindicato Patronal da Hotelaria, Restaurantes, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias, que representa a principal região turística do Estado, aponta que essa flexibilização também vai ajudar os estabelecimentos de hospedagem. Conforme o presidente da entidade, Mauro Salles, o momento é de adaptação para proprietários, funcionários e clientes:
— Vai ter um impacto bom. Claro, vai ser aos poucos. As pessoas vão ter que ir se reacostumando com a utilização dos buffets. Os buffets também vão ter que seguir todas as regras previstas no protocolo, que são bem mais rigorosas que antes da pandemia. E isso a gente vai lutar para que seja assim: respeito ao cliente, ao turista e proteção de todos envolvidos. Mas, seguindo todos esses protocolos, vai ser um alívio para essa turma (dos restaurantes) que está parada e para os hotéis também.
Salles ressalta que os hotéis aguardam posicionamento do governo do Estado a respeito da liberação de um percentual maior de ocupação. O setor encaminhou há cerca de um mês um pedido formal para que, na bandeira laranja, o índice saia dos atuais 75% para 80% e, na bandeira amarela, todos os quartos sejam liberados.
— Estamos dispostos a mostrar para ele (o governador Eduardo Leite) que é uma demanda que tem fundamentação tranquila e que não vai causar nenhum dano para a saúde a questão de ocupar mais quartos no hotel. Claro, com todos os cuidados e protocolos.
A demanda foi levada por sindicatos do setor em todo o Estado e a Região das Hortênsias, que engloba Gramado, tem ainda mais interesse na medida, já que é o principal destino turístico do Rio Grande do Sul.