Foi com muita emoção que a professora Melissa Duarte, 39, recebeu uma serenata surpresa dos alunos na tarde desta quinta-feira (15). As famílias dos estudantes da turma 41 do Colégio São Carlos prepararam uma carreata até o prédio em que a docente mora para homenageá-la no Dia do Professor.
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Com buzinaço e gritos em coro de “profe Mel, cadê você? Eu vim aqui só para te ver”, Melissa foi surpreendida com a presença das crianças e os pais na porta da garagem. Uniformizados e com balões nas mãos, os alunos cantaram a música Valeu Amigo e aplaudiram a docente pelo seu dia. Emocionada, ela foi presenteada com rosas, cartões e uma cesta de mimos.
— Estou muito feliz. Esse carinho é muito bom, eles alegram as minhas tardes. Esse momento de poder estar junto com eles é muito especial. Mesmo com o distanciamento e não acompanhando o crescimento físico deles, estou acompanhando o crescimento emocional e intelectual, o quanto eles estão evoluindo e se tornando maduros — descreve a professora.
Mesmo com o isolamento e as aulas conduzidas de forma remota, à frente da organização da serenata, Deise Garcia, 39 anos, mãe de um dos alunos de Mel, conta que a homenagem precisava ser feita pois é uma tradição na turma.
— Como a turma sempre foi unida e parceira, todo ano a gente tenta fazer uma homenagem de reconhecimento. Apesar da situação atípica que estamos vivendo, a gente não podia deixar passar em branco. Daí surgiu a ideia, conversamos e estamos aqui — relata Deise.
Os alunos aproveitaram o momento para matar a saudade da professora e dos colegas e disseram que, apesar de cansativas, as aulas virtuais estão sendo bem divertidas. Melissa afirma que, apesar do momento desafiador de lecionar de casa, está procurando reinventar a maneira de dar aula e facilitar a aprendizagem dos estudantes por meio de novas ferramentas e estratégias.
Palavras não faltaram para definir o que Mel representa para os estudantes.
— Eu estava com muita saudade dela, porque ela é uma pessoa incrível. Uma das profes mais queridas e amorosas que já tive — descreve Isabela Bristot Stürmer, 10.
— A profe Mel é a nossa guia para o futuro — complementa Pedro Pasin, 10.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Uma das alunas de Melissa é Laura Debaco Scotti. A menina, que completou 11 anos nesta quinta-feira, tem Síndrome de Down e estava muito feliz em rever a professora e os colegas. De acordo com o pai de Laura, o comerciário Éverton Scotti, 42, a inserção dela em uma escola regular é de extrema importância.
— Além de aprender, ela pode ter essa convivência com os colegas, e ela se espelha muito neles. A Laura sempre estudou em turno regular e isso é um incentivo para o desenvolvimento dela. Ela adora a escola e os colegas — enaltece Éverton.
No final de setembro, o presidente Jair Bolsonaro publicou um decreto que institui a Política Nacional de Educação Especial (PNEE). O novo documento pretende incentivar a matrícula de pessoas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e superdotação em escolas especiais e não em escolas regulares.
Éverton se diz contrário à nova proposta do presidente da República de conduzir os estudantes com deficiência para escolas especializadas e direcionadas apenas a eles.
— Essa decisão foi um balde de água fria. A gente está preocupado porque vê a importância da Laura estar junto com os colegas na escola regular. É um retrocesso no tanto que a gente lutou para isso. Estamos torcendo para que seja vetada — pontua o pai da menina portadora de síndrome de Down.