Já faz anos que trafegar pelas rodovias que ligam as principais cidades da Serra é uma tarefa que exige paciência e atenção plena para desviar dos buracos. Em períodos chuvosos, como nas últimas semanas, então, os danos no asfalto se multiplicam a ponto de, em alguns casos, se tornarem uma inevitável armadilha.
Foi o que ocorreu na manhã desta quinta-feira (17) com o motorista Marcelo Lopes, 40 anos. Pouco depois da 8h, ele conduzia o caminhão de uma transportadora de Caxias do Sul para Bento Gonçalves quando caiu em uma das crateras que há tempos prejudicam o tráfego no km 69 da RS-122, próximo à saída de Farroupilha para Porto Alegre.
— Temos que ficar desviando dos buracos. Como tinha um carro vindo na minha lateral, não pude trocar de pista para desviar do buraco. Só dei uma segurada, mas não adiantou, acabou furando o pneu e entortando a roda. Já esteve pior, mas tem trechos que são bem críticos, tem que passar por cima dos buracos às vezes, porque não tem por onde passar — destaca.
Esse não é o único ponto da RS-122 com problemas. Ainda em Caxias do Sul é preciso atenção para buracos próximo ao pardal, em direção à Farroupilha, e na região de Forqueta. Um pouco mais à frente, a estrada também apresenta problemas nas proximidades do Pelotão Rodoviário da Brigada Militar, em um ponto que recebeu nova capa asfáltica nos últimos anos. Em Farroupilha, também é preciso cuidado nas proximidades do acesso à Linha Julieta. Já para quem segue em direção a Porto Alegre, o trecho que mais exige atenção é entre o entroncamento com a RS-453 e a entrada de Nova Milano. No km 55, próximo ao acesso à Linha Amizade e Linha Machadinho, três crateras surpreendem os motoristas que sobem a Serra pela terceira faixa.
A RS-122 apresenta problemas ainda no contorno de Caxias do Sul, entre o viaduto torto e a saída para Flores da Cunha. Os buracos começam a aparecer já embaixo da elevada e se espalham por outros pontos, como as proximidades da ponte sobre o Arroio Tega. Embora a quantidade de crateras já tenha sido maior no passado, praticamente todo o trecho apresenta deformidades na pista que prejudicam o tráfego. Entre esses pontos estão o entorno do bairro Cidade Industrial, o acesso a Monte Bérico, as proximidades do viaduto sobre a Rua Ludovico Cavinato e as proximidades do quartel de bombeiros da Zona Norte.
Problemas também nas RSs 453, 446 e 813
Pelo menos outras três importantes rodovias estaduais da região também apresentam pontos com asfalto irregular e buracos. Na RS-453, por exemplo, o pavimento apresenta desgaste junto aos trevos da Avenida Santa Rita e de acesso à Caravaggio. Entre os km 117 e 115, na saída de Farroupilha para Garibaldi, o motorista também precisa de atenção devido à quantidade de remendos. As condições de trafegabilidade melhoram de forma geral até as proximidades do acesso a Bento Gonçalves pela localidade de Barracão. O entroncamento, inclusive, recebeu uma nova camada asfáltica, mas a terceira faixa ainda não foi contemplada e a sinalização está pendente. Seguindo viagem em direção a Garibaldi, o motorista irá enfrentar um pavimento com irregularidades na medida em que se aproxima do entroncamento com a BR-470. Não há, contudo, buracos com potencial para causar grandes prejuízos.
Já na RS-446, que liga Carlos Barbosa a São Vendelino, os problemas se revelam ainda no topo da Serra. Buracos se espalham pela pista e a terceira faixa é quase intrafegável devido a crateras e ondulações, que se estendem por praticamente toda a estrada. No km 11, a reportagem encontrou equipes da empresa Encopav realizando a retirada do asfalto danificado e aplicando nova pavimentação. O trânsito é alternado no ponto.
— Essa é a pior estrada que tem na região. O pessoal vem de Porto Alegre e também diz que é a pior. Quando chega na rodovia federal (BR-470), melhora. Deveriam arrancar tudo e fazer de novo. Dizem que não tem dinheiro, mas então privatizem — reclama o agricultor Leandro Martins Silveira, 42 anos, que vende produtos às margens da rodovia.
As condições de tráfego na RS-446 melhoram na medida em que o motorista se aproxima de São Vendelino, embora não sejam perfeitas. Na RS-813, que liga Garibaldi a Farroupilha, contudo, não há como destacar um único trecho em condições razoáveis entre o km 8, em Farroupilha, e o entroncamento com a BR-470, em Garibaldi. Embora não apresente crateras, o pavimento é uma coleção de tapa-buracos e rachaduras de forma contínua. A sinalização também é inexistente. Apenas no trecho inicial, em Farroupilha, há boas condições após recapeamentos nos últimos anos.
— Aqui no Rio Grande do Sul é zero em tudo. Está perdendo para as estradas do Nordeste e lá não tem pedágio — observa Paulo César da Silva, caminhoneiro de São Leopoldo que transporta produtos da região para o Nordeste.
Daer promete reparos
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) afirma que as condições atuais das estradas da Serra se devem ao alto volume de chuva, que prejudicou toda a malha do Estado. Com relação à RS-122 e à RS-453, o órgão afirma que não foram encontrados problemas graves e buracos que prejudicavam a trafegabilidade foram fechados na última semana.
Sobre a RS-813, o Daer afirma que trabalha com o governo do Estado para soluções de melhorias dentro de uma possível disponibilidade de recursos financeiros. Já a RS-446 deve passar por substituição do asfalto entre Carlos Barbosa e São Vendelino.
O Daer se posicionou ainda sobre a Rota do Sol, cujos buracos especialmente entre Tainhas e Terra de Areia foram tema de reportagem do Pioneiro na última terça-feira (15). Segundo o departamento, não é possível realizar a manutenção no momento devido à umidade. No entanto, ações serão programadas para o trecho assim que as condições permitirem.
Por fim, o Daer diz que toda a malha rodoviária passará por operações de tapa-buracos assim que o tempo firmar.