Sem conseguir esclarecer a origem de uma série de tremores de terra relatados por moradores entre o fim de agosto e o início de setembro, a prefeitura de Gramado decidiu instalar até três sismógrafos na cidade. Atualmente, o aparelho que detecta os movimentos do solo mais próximo fica no Parque do Caracol, em Canela. Porém, a estação mantida pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo estava inoperante, já que as atividades estão suspensas devido à pandemia de coronavírus, e não registrou os tremores.
Apenas a USP mantém sismógrafos no Rio Grande do Sul, de acordo com a Rede Sismográfica Brasileira. Além de Canela, há estações em Caçapava do Sul, Itaqui e Pelotas, que não registraram os tremores em Gramado. Em Santa Catarina, a estação mais próxima fica em Treze de Maio, no Sul do Estado vizinho, mas por lá também não houve registros.
A forma de contratação do serviço ainda não foi definida, mas a prefeitura pretende manter o monitoramento por pelo menos dois anos, já que tremores são recorrentes na cidade.
Entre os dias 21 de agosto e 4 de setembro, moradores relataram oito ocorrências semelhantes, em diferentes horários do dia. Em agosto de 2014, a cidade teve abalos sísmicos que foram registrados na estação sismográfica de Canela. Na época, os tremores alcançaram magnitude de 3,2 graus na Escala Richter, que vai até sete.
Moradores desconfiam de detonações
Os relatos dos tremores mais recentes se concentram no bairro Piratini, na região central da cidade. Os moradores comparam os abalos e estrondos a uma forte trovoada, embora o tempo estivesse aberto todas as vezes.
— É muito rápido e ao mesmo tempo muito assustador, horrível. Em uma das vezes estava deitada na cama e dava pra sentir ela balançar — descreve a cabeleireira Marli da Costa Machado, 68 anos, moradora do Piratini há 30.
— É um estrondo assustador, todo mundo saiu na rua pra ver o que estava acontecendo. O que me causa estranheza é que foram vários dias seguidos e depois não se ouviu mais nada — completa a autônoma Iria de Souza Pinto, 67.
Não há registros de danos estruturais, o que aumenta a desconfiança entre os moradores de que os fenômenos estão relacionados a detonações irregulares. Segundo a prefeitura, essa hipótese foi descartada por especialistas.