A covid-19 foi caracterizada lá no início como uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que causa falta de ar e que atinge áreas como o olfato e o paladar. No entanto, o grupo de vítimas a quem ela mais traz preocupações e se mostra letal é o dos hipertensos, demonstrando como o conhecimento sobre o vírus vem aumentando conforme ele avança. Em Caxias do Sul, entre as 62 mortes registradas até segunda-feira (10), mais da metade sofria com a enfermidade. Um problema tão comum no século 21 que pode servir de alerta neste momento: o isolamento se torna fundamental para idosos que padecem dessa doença.
Leia mais
Prefeitura de Caxias do Sul confirma 3.750 infectados pelo coronavírus
Serra Gaúcha tem o registro de mais quatro mortes por complicações do coronavírus
Prefeitura de Caxias do Sul divulga mais três mortes por coronavírus
Acompanhe os casos confirmados na Serra
Bem mais atrás, o diabetes também é um segundo fator preocupante – muitas vezes está aliado à hipertensão. A vítima mais jovem do município tinha 33 anos e sofria com o diabetes, mostrando que o grupo de risco se refere também (e muito) a históricos de doenças pré-existentes. Desde o dia 4 de maio, quando Caxias teve confirmada a sua primeira vítima – um caminhoneiro, que se contaminou e morreu longe de casa –, apenas uma pessoa não tinha histórico de comorbidades.
A hipertensão arterial, chamada de pressão alta, pode levar a outras consequências graves, como doenças cardiovasculares, acidentes vasculares e insuficiência renal. É a pressão arterial que empurra o sangue bombeado pelo coração pelas artérias, levando o suprimento necessário aos demais órgãos. Quando a pressão está alta, o coração se esforça mais para bombear o sangue, porque com a idade as artérias ficam menos complacentes e oferecem mais resistência à passagem do sangue.
Contudo, não há evidências suficientes para dizer exatamente porque o vírus se torna ainda mais perigoso para quem tem pressão alta.
— Esse vírus é uma verdadeira incógnita, ele ataca os órgãos e faz um estrago no organismo do paciente infectado. No coração, ele ataca o músculo, o que chamamos de miocardite. O coronavírus também afeta o sistema imunológico e provoca no sistema vascular uma verdadeira catástrofe — reforça o cardiologista Fernando Lucchese.
Ainda segundo o médico, o vírus também provoca embolias cerebrais e pulmonares:
— Esse vírus tem um comportamento diferente. Não se tem a razão de porque os obesos, por exemplo, tem o quadro agravado, nem o que ocorre com os pacientes cardíacos, hipertensos ou diabéticos. Os casos que ele agrava são uma incógnita. Em alguns hipertensos, não provoca nada e, em outros, é uma catástrofe, uma tempestade de problemas, que debilita o paciente e o deixa em quadro grave.
O cardiologista ainda alerta:
— Pacientes com comorbidade tem que tratar suas doenças, não podem parar tratamentos. Não fique assustado de ir para os hospitais se precisar porque a área para tratamento de covid-19 está isolada. Tem que tomar medicação do coração, da pressão, controlar a glicose. Essa é a melhor prevenção. Em vez de tomar remédios que nem se sabe se funcionam, siga o tratamento que tens que fazer.
Para ele, é essencial que pacientes do grupo de risco fiquem isolados para não correr ainda mais riscos:
— Quem tem comorbidades tem que manter isolamento total. Os mais jovens têm que intensificar o distanciamento porque circulam e convivem com pessoas mais velhas. Os mais velhos são agredidos brutalmente pelo vírus. Sei que é difícil ficar longe do filho, do neto. Cada um de nós hoje conhece alguém que teve o vírus porque ele circulou muito. Isso significa que o distanciamento é importante e necessário.
Leia também
Mudança na gestão da UPA Zona Norte, em Caxias do Sul, é considerada positiva
Isolamento social estimula a procura por imóveis maiores ou afastados dos grandes centros urbanos