Cerca de 25 pessoas passaram a noite gelada de quinta-feira (20) para sexta-feira (21) na Hospedagem Solidária, iniciativa da Diocese de Caxias do Sul que acolhe pessoas em situação de rua durante o inverno no bairro Sagrada Família. O número representa apenas 38% da capacidade máxima de atendimento no local, que gira em torno de 65 vagas. Da mesma forma, os três abrigos de acolhimento que funcionam o ano inteiro na cidade não tiveram sua totalidade de vagas preenchidas na noite com temperaturas abaixo de zero.
Segundo o diretor do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, o Centro POP de Caxias do Sul, Júlio César Chaves, nos dias que antecederam o frio intenso, a previsão climática foi um dos motivos que levaram muitas pessoas que vivem nas ruas a procurarem abrigo em residências de familiares.
— Acompanhamos e auxiliamos inúmeras pessoas a voltarem para suas casas ou de familiares próximos, inclusive em outras cidades — comenta o diretor.
Pandemia também motiva redução de pessoas nas ruas
De acordo com ele, o fenômeno impulsionado pelo frio nos últimos dias é parte de um movimento ainda maior de pessoas que vêm deixando as ruas desde o início da pandemia de coronavírus. Conforme Chaves, das cerca de 750 pessoas que estavam em situação de rua em meados de março, mais da metade, aproximadamente 350, foram embora da cidade ou, simplesmente, deixaram as ruas.
— Desde que iniciamos a acolhida nos Pavilhões (da Festa da Uva) muitas pessoas acabaram optando por buscarem seus familiares. Isso é algo muito positivo. Teve gente até de São Paulo que auxiliamos a voltar — afirma Chaves.
Um exemplo é o caso dos usuários que se aproximaram com a convivência no abrigo especial da prefeitura, remanejado para o bairro Cinquentenário, e decidiram alugar uma casa juntos, como uma forma de recomeçar a vida.
Os abrigos da cidade seguem acolhendo pessoas em situação de rua. Àquelas que, mesmo com abordagem da assistência social, escolhem permanecer nas ruas, são fornecidos cobertores e agasalhos.