Por que uma situação corriqueira, como o uso de máscara para entrar em um estabelecimento comercial acaba em tragédia? Pois foi isso que ocorreu no sábado (20) à noite, em Vacaria. Por volta das 19h30min, Aldori Somavilla Cardoso, 36 anos, segundo informações de testemunhas e observadas pelas imagens das câmeras de segurança do local, teria tentado entrar sem máscara em um supermercado. Ele teria sido barrado na entrada por Jonas Macedo da Silva, 32, que é gerente e filho do proprietário do supermercado.
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Conforme relato do delegado Anderson Silveira de Lima, registrado no Boletim de Ocorrência, "Recusando-se a colocar o acessório, o cliente (Aldori) puxou uma faca e agrediu o gerente (Jonas) com dois golpes na altura do abdômen. Já ferido, Jonas reagiu e disparou dois tiros com um revólver calibre .38 contra o agressor, que caiu próximo à entrada do mercado. Os tiros atingiram o homem (Aldori) na altura do abdômen", que morreu no local.
A psicóloga catarinense Liediani Souza, que atua especificamente em casos de transtornos de ansiedade, depressão, pessoas em situação de violência e conflitos relacionais, avalia que a pandemia intensifica ainda mais os dilemas pelos quais as pessoas precisam lidar em suas vidas. A crise econômica, decorrente da sanitária, deixa as pessoas mais inseguras e preocupadas. Além disso, o isolamento social e a menor interação social, ampliam ainda os efeitos do estresse.
— Nesse contexto polêmico de condições sociais, políticas, econômicas e psicológicas desfavoráveis e de longa duração, muitas pessoas experimentam essas variações emocionais de maneira intensa e negativa (estresse), podendo causar sofrimento a si e aos outros e também prejuízo nas suas relações interpessoais — explica Liediani.
A respeito do desentendimento por conta do uso de uma máscara, em um estabelecimento comercial de Vacaria, a psicóloga enumera as possíveis causas e efeitos desse fato trágico.
— A diminuição da capacidade de julgamento, com comportamento descabido de agredir fisicamente frente a solicitação do uso da máscara; a dificuldade de controle emocional dos envolvidos, tanto do primeiro que agride, como o do que responde em legítima defesa; a dificuldade de pensar em estratégias mais eficazes frente a um problema, como lidar com um cliente que se recusa a cooperar; e o autocontrole da irritação do indivíduo agora falecido.
E então, como lidar com essas questões? Como lidar com os conflitos internos que têm se intensificado com a pandemia? A psicóloga responde:
— A meditação e outras ferramentas de controle do estresse, como técnicas de relaxamento focal e corporal, são as que tenho indicado aos meus pacientes e têm oferecido bons resultados. Para os que não tem esse hábito, há diversos aplicativos que oferecem conteúdos online gratuitos, assim como canais no Youtube. Também é interessante diminuir o acesso a fontes causadoras de pânico e de notícias falsas, avaliando constantemente a qualidade e a quantidades das informações às quais se é exposto. E, se possível, manter as relações sociais por meio de chamadas de áudio e vídeo, como sessões de cinema e lives compartilhadas também podem fortalecer os vínculos e garantir suporte social.
Se todas essas dicas já não são mais suficientes, se os sintomas se amplificarem ainda mais ou, causarem sofrimento, Liediani sugere que se deve considerar procurar auxílio psicológico profissional.
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