A segunda transfusão de plasma convalescente em Caxias do Sul, para tratamento experimental contra a covid-19, será realizado ainda nesta quinta-feira (11), no Hospital Virvi Ramos. O procedimento deve ocorrer por volta das 19h.
A pessoa que passará pela transfusão é uma mulher de 33 anos, natural de Caxias do Sul, com histórico de problemas de saúde, como diabetes e obesidade. Ela foi internada no hospital de campanha do Virvi Ramos na quarta-feira (10) e teve a confirmação da contaminação com o novo coronavírus no mesmo dia. Na manhã desta quinta (11), o quadro piorou e foi necessária a intubação.
Com o consentimento da família — condição primordial para que o experimento seja realizado —, o Homocentro de Caxias do Sul (Hemocs), onde os plasmas são doados, foi acionado para que os testes de tipagem sanguínea fossem realizados com as nove amostras que já foram colhidas de pessoas que se recuperaram da covid-19. Com a compatibilidade confirmada, o plasma foi levado do Hemocs até o hospital, onde passa por um processo de descongelamento até chegar à paciente.
Recuperação de primeiro paciente
O homem de 63 anos, morador de Garibaldi, que recebeu a primeira transfusão de plasma convalescente em Caxias do Sul, apresenta importante melhora no quadro clínico. Desde a realização do procedimento, no dia 26 de maio, o paciente saiu do coma induzido, reconheceu o filho e já está recuperado da covid-19, após dois testes PCR apresentarem resultados negativos.
De quarta para quinta-feira, o homem passou a primeira noite sem o uso de ventilação mecânica e completou 24 horas respirando sem ajuda de aparelhos desde que foi internado na UTI.
Segundo o médico Roger Weingartner, a evolução do paciente traz esperança sobre o tratamento:
— Quando baixa um paciente crítico, temos um score, que avalia a desfunção de vários órgãos. Quando chega nesse momento, (a covid-19) não afeta exclusivamente o pulmão. Observamos nesse paciente que houve uma melhora clínica global. Melhora renal, respiratória e cardiovascular, em um período muito próximo da aplicação do plasma.
Com a evolução constante do quadro clínico deste paciente, há possibilidade de que ele saia da UTI e seja transferido para o quarto do hospital nos próximos dias.
O protocolo que o Virvi Ramos tem utilizado deve ser reproduzido nos próximos dias pelo Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves. Weingartner alerta que, mesmo que a resposta seja positiva, ainda é precoce avaliar a resposta do tratamento experimental nos pacientes.
— É uma evolução que nos surpreendeu positivamente. Se foi relacionado a isso (transplante de plasma), não temos como dar 100% de certeza. Estamos fazendo isso, assim como em outros lugares do mundo. Não somos os únicos que estamos fazendo, mas resolvemos apostar nessa terapêutica — concluiu o médico.
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