A Oncologia Pediátrica do Hospital Geral (HG) projeta a ampliação do atendimento para crianças de Caxias do Sul e região. Hoje, são quatro leitos de internação e o objetivo é ofertar 10 vagas, o que tornaria a unidade um serviço de portas abertas pelo SUS. O principal benefício será encurtar o caminho entre o diagnóstico e o tratamento dos casos de neoplasia. O paciente poderia ser encaminhado diretamente de uma UBS para o HG sem a necessidade de a família perambular por consultórios e laboratórios em busca de um resultado, demora que potencializa as doenças cancerígenas.
Mensalmente, em média, a unidade realiza 90 atendimentos e viabiliza o tratamento de quimioterapia para quatro crianças. A expansão só não avançou ainda devido à concentração de esforços para tratar a pandemia do coronavírus. Os recursos serão buscados em fontes externas.
- Muitas crianças ficam em serviços de referência oncológica adulta. Estudos mostram que a mortalidade é maior nesses casos - diz a responsável pela Unidade de Alta Complexidade de Oncologia (Unacon) do HG, médica Rita Costamilan.
O projeto de ampliação da estrutura física e profissional conta com o apoio do Instituto do Câncer Infantil, que visitou as instalações do HG no ano passado e no início de março deste ano, segundo a médica. O setor funcionará no mesmo local: no térreo, será mantido o setor de consultas e a sala de espera para a quimioterapia. Os leitos continuarão no quarto andar do hospital, cuja área será triplicada. O projeto arquitetônico já está pronto e a expansão inclui a abertura de mais dois leitos de isolamento, totalizando três espaços reservados para pacientes em situação que exige mais cuidado e privacidade.
- O isolamento é para aquela criança que fez alguma quimioterapia e teve intercorrência, ou para cuidados paliativos numa fase final de vida, em que a família possa ficar junto - detalha Rita.
Atualmente, com apenas um leito de isolamento e três leitos clínicos, pacientes com demandas diferentes acabam compartilhando o mesmo ambiente. Conforme a responsável pela Unacon, a maior oferta de leitos também aliviará o sistema. Muitas crianças são direcionadas para tratamento em Porto Alegre ou são atendidas em centros de oncologia adulta.
- A ideia do Instituto do Câncer Infantil é que o centro se torne referência. Uma cidade sem oncopediatra poderá transferir a criança para cá - explica a médica.
Como a pandemia é o foco atual dos serviços de saúde, a ideia é iniciar a expansão assim que a covid-19 estiver sob controle.
MP pede explicações sobre ausência de médico especializado. HG diz que nova profissional começa nesta segunda-feira
Uma nova oncopediatra assume a função a partir desta segunda-feira (4) no Hospital Geral e reforçará o trabalho em parceria com uma hematologista que já atua na unidade. A nova profissional terá 30 horas semanais para atender o público. Em junho, outra médica, que estava de licença-maternidade, retorna às funções.
- A equipe terá duas oncopediatras já pensando na ampliação dos atendimentos - adianta a médica Rita Costamilan.
A contratação surge num momento em que o Ministério Público (MP) questiona uma suposta falta de profissional de oncopediatria. A presença desse profissional é considerada fundamental, uma vez que o tratamento do câncer infantil exige atenção contínua de especialista para evitar a progressão e a letalidade da doença. O apontamento protocolado no final de março no MP trazia o relato de que as crianças não eram atendidas por esse médico especializado, mas a instituição hospitalar afirma que as informações não procedem. Segundo Rita, o atendimento vem sendo prestado por meio de telemedicina desde março, o que levou ao entendimento equivocado de que não haveria um profissional à disposição.
O dilema começou no final de fevereiro, quando a única oncopediatra da unidade obteve licença-maternidade de forma precoce e não houve tempo hábil para substituí-la. O médico que atuaria na unidade acabou não conseguindo assumir o cargo em razão da pandemia. Conforme Rita, a profissional licenciada passou a atender remotamente. Os atendimentos presenciais, no período, vinham sendo acompanhados por uma hematologista na própria unidade, de acordo com Rita, e, posteriormente, era feita a revisão pela oncopediatra, que estava em casa.
_ Hoje, 80% dos pacientes em tratamento têm tumores hematológicos (leucemia e linfomas) e o atendimento é feito pela hematologista. O restante, duas crianças têm tumores sólidos. Todas as crianças estão sendo atendidas e houve apenas esse gap anterior - garante a responsável pela Unacon.