A noite desta terça-feira (26) foi diferente para a equipe médica do Hospital Virvi Ramos e, principalmente, para familiares de um paciente de 63 anos internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com coronavírus. A notícia de que houve compatibilidade com o plasma sanguíneo de um doador mobilizou equipes do Hemocentro Regional de Caxias do Sul (Hemocs) e da instituição de saúde por volta das 20h. Pouco mais de três horas depois, a transfusão já era iniciada.
— Quando soubemos pelo Hemocentro que estava liberado, uma equipe (do Hospital Virvi) foi deslocada para buscar o plasma com os cuidados de estar acondicionado e em temperatura adequada. Houve o processo de descongelamento e, finalmente, a transfusão — explica a médica intensivista, Eveline Correa Gremelmaier.
A transfusão se iniciou às 23h20min e se encerrou por volta de 1h50min de quarta-feira (27). Conforme Eveline, o processo é lento e por isso durou duas horas e meia. Durante os trabalhos, o paciente se manteve estável, o que já representa um bom sinal, segundo a médica.
— A expectativa é grande pela evolução dele, principalmente para que consiga sair da ventilação respiratória mecânica. Toda a equipe está motivada e esperando que haja um desfecho, que isto sirva para auxiliar no tratamento de novos pacientes também — diz.
O plasma foi doado pelo porto-alegrense Fabio Klamt, 44 anos, na segunda-feira (25) no Hemocs, em Caxias, onde há um maquinário capaz de selecionar o plasma sanguíneo. O processo é chamado de aférese, quando o sangue é retirado de um indivíduo com a separação de componentes e retendo a porção que se deseja além de devolver os demais componentes a quem estiver doando ou recebendo o sangue. As condições do Hemocentro proporcionaram que o Hospital Virvi conseguisse a aprovação de um protocolo na Anvisa para uso do plasma convalescente em tratamento experimental.
Mesmo com a boa notícia sobre a compatibilidade para realização da transfusão, ainda é cedo estimar quando o paciente, há duas semanas em ventilação respiratória mecânica, apresentará melhoras. O homem, natural de Garibaldi, passará por intensa observação nos próximos dias. O objetivo do método é de que os anticorpos adquiridos por Klamt sejam absorvidos pelo doente e, com isso, melhore o quadro de saúde mesmo sem a cura para a covid. O doador está há 52 dias sem sintomas da doença.
Na segunda-feira, testes apontaram incompatibilidade do primeiro do doador, mas a coleta será armazenada para uso futuro. O Hemocs segue recebendo doações de homens que estão curados do coronavírus. A orientação é para que o interessado em participar agende atendimento pelos telefones (54) 3290-4543 e (54) 3290-4580 ou pelo Whatsapp (54) 98418-8487. São recebidos homens, de no mínimo 18 e no máximo 60 anos, que tiveram a doença confirmada por meio do teste PCR e estão há mais de 28 dias recuperados.
O entendimento de médicos é de que mulheres podem apresentar riscos de produzir anticorpos contra as células de defesa por conta de períodos férteis e gravidez ao longo da vida e, por isso, inicialmente, os testes são feitos apenas com homens.