O período de isolamento vivenciado em virtude da pandemia mundial do novo coronavírus ressignificou o uso da internet para muitas pessoas. O que antes era um recurso extra, que facilitava muitas atividades, passou a ser uma ferramenta fundamental para a continuidade de atividades e do contato com outras pessoas.
O mesmo movimento ocorre para crianças e adolescentes, que além de navegarem por diversão, agora também recebem atividades de forma virtual, algo que acende o alerta para muitos pais em relação ao aumento da exposição às telas.
Na casa da caxiense Juliana Tonzer não é diferente. Ela conta que, mesmo tentando ocupar o filho Ighor Lima, de 10 anos, com outras atividades, ele fica pelo menos cinco horas conectado para cumprir tarefas que antes eram presenciais.
— O acesso aumentou também porque a gente fica um tanto confinado dentro de casa, ele usa computador, tem celular disponível. Eu tento incentivar ele ao máximo para sair de dentro de casa, jogar uma bola, fazer qualquer coisa fora da internet. Mas quando ele tá conectado também sabe que precisa agir com responsabilidade — afirma a mãe.
Além das aulas à distância que está recebendo da escola regular, Ighor semanalmente acessa o curso de games, que colabora no desenvolvimento da autonomia do jovem perante a internet. O curso é ofertado pela escola de tecnologia codeBuddy, que conta com filial na cidade desde janeiro e já atendeu mais de 50 jovens com idades entre 7 e 16 anos, com módulos de lógica e matemática, games, apps, robótica (ou mundo maker) e web. Os alunos são estimulados a fazer seus próprios projetos, desde protótipos até games ou aplicativos.
Segundo Juliana, a atividade colabora com o desenvolvimento de várias habilidades do filho, que tem grau leve de autismo. De acordo com a escola, as aulas proporcionam melhor concentração, pensamento computacional ou capacidade de resolução de problemas, comunicação, criatividade e também na visão empreendedora.
— O momento atual faz com que os grupos econômicos revejam sua dependência tecnológica com outros países, e em nossa região não será diferente. Desta forma, acreditamos que podemos contribuir com a formação de agentes protagonistas dessas mudanças — avalia Greice Bettiato de Faria, diretora da codeBuddy de Caxias do Sul.
DICAS PARA OS PAIS
Neste período em que crianças e adolescentes estão mais conectados, confira alguns cuidados necessários com as crianças na internet. A lista foi elaborada pelo head de Produtos da codeBuddy, Marlon Wanderllich.
:: Tempo de tela
Não existe consenso sobre o tempo ideal de exposição a telas de smartphones, televisão ou computador. Segundo a Academia Americana de Pediatria, até os 18 meses de vida, a criança não deve ter nenhum tempo de exposição prolongada a telas. De 2 a 3 anos de idade, a recomendação é que ela seja exposta até uma hora por dia. A dica é acompanhar e avaliar se o tempo que a criança ou adolescente passa de frente para às telinhas está adequado.
:: Etiqueta virtual
Para as crianças é difícil entender que as palavras e discursos compartilhados digitalmente impactam tanto quanto o que é dito pessoalmente. Até mesmo adultos sentem dificuldade em perceber isso. Cabe aos pais ensinarem que o que é feito na internet pode trazer consequências reais e que há regras, pois, por trás de cada tela, existe um humano recebendo as mensagens e sendo impactado.
:: Privacidade
Existem diversos aplicativos para controle parental, ou seja, para os pais controlarem o que os filhos acessam, monitorando o tempo de acesso e bloqueando certos aplicativos. O melhor é buscar estar por perto e observar que tipo de sites e ferramentas os jovens estão usando. Apenas criar contas para as crianças em aplicativos voltados para elas, por exemplo, pode não ser o bastante para filtrar conteúdos que não sejam de fato adequados para o seu filho.
:: Tipo de uso
Tente dividir o tempo de navegação na internet entre o período produtivo e improdutivo. Uma parte do tempo será dedicado aos estudos e outra pode ser para o lazer. É bom manter o equilíbrio.
:: Pesquise aplicativos e jogos
Há muitas ferramentas educativas que podem estimular uma série de habilidades e até ajudar nos estudos. Busque dicas de games interessantes e saiba mais sobre os aplicativos.
:: Segurança
Basta fazer um teste online para saber o quanto uma senha é frágil e quanto tempo um hacker demoraria para decifrá-la. Há questões básicas que podem proteger dados que compartilhamos na internet. Escolher senhas mais fortes é uma dessas. Se adultos não praticam isso, imagine crianças. Desconfie de links enviados em mensagens de aplicativos ou e-mails de fontes desconhecidas. Ainda mais se o site pedir informações cadastrais. Verifique se o site que está acessando é seguro (cheque se há um ícone de cadeado fechado ao lado da barra de endereço do navegador) e se realmente se trata do site original (e não uma imitação de outra página).
:: Fontes confiáveis
Em que links o seu filho clica quando procura uma informação no Google? Como ele faz as pesquisas? Escolhe logo o primeiro link, que, geralmente, é um anúncio? Esteja próximo para orientá-lo, tenha dicas de bons sites de pesquisa ou de fontes sérias e ensine que é preciso checar as informações, comparando, buscando em mais de uma fonte.