A queda de barreira que obstrui parcialmente o trânsito no trecho de Itati, km 4 da ERS-486, a Rota do Sol, completa um ano nesta sexta-feira (22). A data certamente não é motivo de comemoração, uma vez que, 12 meses após o primeiro deslizamento no local, obras de remoção das rochas e de contenção definitiva sequer foram iniciadas.
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Em janeiro deste ano, o secretário de Transportes do Estado, Juvir Costella, anunciou que uma empresa para realização das obras seria apresentada até o final de fevereiro, com remoção em março e início da contenção ainda no primeiro trimestre.
Por meio de assessoria, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informou na noite desta sexta-feira que, em virtude da pandemia do coronavírus, a autarquia pemanece na fase de orçamento, na qual encontrava-se no início do ano. A nota também informou que a obra será realizada pela empresa Toniolo — por meio de aditivo de contrato —, que deverá concordar com os preços a serem definidos.
"É importante ressaltar que a autarquia está envidando esforços para que esse processo seja finalizado o mais breve possível, respeitando os prazos legais e, principalmente, garantindo que as atividades no trecho sejam efetivas para solucionar a questão", concluiu a nota do Daer.
Desde o primeiro deslizamento, ocorrido em 22 de maio de 2019, motoristas que trafegam pela rodovia — principal ligação entre a Serra e o Litoral Norte — encontram o trânsito parcialmente obstruído no trecho. São aproximadamente 50 metros de extensão, que ocupam quase toda a pista sentido Serra/Litoral.
Com isso, o trânsito é desviado para a pista dupla do sentido oposto, que acaba virando duas pistas simples. O local está bem sinalizado com blocos de plástico refletivos, mas exige cuidado por ser junto ao Viaduto da Cascata e entre curvas.
"No Brasil é assim", lamenta morador e empresário
Ao longo dos quase nove anos que administra o Café e Restaurante Mirador, a poucos metros do trecho parcialmente obstruído da Rota do Sol, o morador local e empresário Joacir Rodrigues dos Reis, 56, disse nunca ter visto uma situação dessas. Ele conta que há cerca de quatro meses não vê movimentação de equipes no local e relata que o caso é motivo de assunto frequente entre seus clientes.
— Eles ficam admirados com o tempo que isso está assim e ninguém faz nada — comenta Reis.
Aparentemente conformado com a situação, em tom sereno ele afirma, por telefone, que a pista interditada está sinalizada e nenhum acidente ocorreu ao longo dos últimos 12 meses em virtude da obstrução. A demora para uma resolução por parte do Estado, responsável pelo trecho, preocupa mas não surpreende o empresário:
— Aqui no Brasil é assim mesmo. As coisas são demoradas, pra tudo que se for fazer é muita burocracia, um passa pro outro e ninguém resolve nada — lamenta.
O que aconteceu em um ano
:: Em 22 de maio de 2019, parte da encosta da Rota do Sol (ERS-486), na altura do Km 4, em Itati, desprendeu e caiu sobre uma das pistas. As rochas foram acomodadas junto ao barranco, liberando duas das três faixas existentes no local.
:: Equipes do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) analisaram o lugar e optaram por deixar as rochas sobre o asfalto porque elas amorteceriam a queda de outras, pedras caso isso ocorresse. É que as telas que faziam a contenção e funcionavam como rede de proteção na encosta romperam. O techo foi sinalizado alguns dias depois.
:: No dia 2 de junho, uma nova queda de barreira interrompeu completamente o trânsito no trecho. A liberação parcial voltou a ser estabelecida três dias depois.
:: O risco de desmoronamento continuou sendo motivo de atenção e de monitoramento por parte das equipes do Daer no local. No dia 17 de outubro, o trânsito foi bloqueado devido à chuva intensa, com liberação registrada no mesmo dia.
:: Um estudo e elaboração de um projeto sobre a medida mais adequada a tomar no local foram realizados. Porém, conforme declaração da Secretaria de Logística e Transportes, em novembro de 2019, não havia recursos para executar a obra, que inclui um novo sistema de contenção da encosta, com uso de tela a ser fixada nas rochas.
:: Em janeiro de 2020, ao completar oito meses desde a primeira queda de barreira, o secretário de Transportes do Estado, Juvir Costella, afirmou que as obras de retirada das rochas seriam realizadas ainda no mês de março e as de contenção definitiva começariam ainda no primeiro trimestre, com apresentação da empresa responsável até o final de fevereiro.
:: Na sexta-feira (22), um ano após o primeiro deslizamento, as obras ainda não foram iniciadas. Procurado pela reportagem, o Daer informou, por meio de assessoria, que o projeto encontra-se em fase de orçamento e será executado pela empresa Toniolo. A autarquia não deu previsão para início ou conclusão dos trabalhos.