É visível o aumento de pedintes em cada sinaleira de Caxias do Sul, reflexo talvez do crescimento da extrema pobreza. Mas a vulnerabilidade escancarada no para-brisa dos carros seria fachada para a velha esperteza. Segundo a Fundação de Assistência Social (FAS), pessoas que ostentam cartazes pedindo dinheiro para comprar comida estariam tendo sucesso em arrancar doações dos motoristas, com rendimentos semanais de um salário mínimo.
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Para a assistência social, essa mendicância é falsa e trata-se apenas de uma tática para obter dinheiro fácil. Por esse motivo, a instituição lançará uma campanha de conscientização entre a população para inibir as esmolas.
– Não são moradores de rua que estão nas sinaleiras, não são pessoas que estão ali por necessidade. Tem alguns de outros municípios. O rendimento deles é de R$ 1 mil por semana. Eles têm casa, alguns ficam em hotéis – alerta Vanda Vetorazzi, diretora de Proteção Social Especial da FAS.
Essa não é a primeira vez que a instituição precisa recorrer a campanha para diminuir as esmolas. Em anos anteriores, a ação foi focada em crianças. Agora, o problema são os adultos que portam os cartazes e também usuários de drogas. A FAS está concluindo um levantamento de quantos pedintes atuam na cidade para embasar o trabalho de conscientização.
– Eles não querem abrigamento. Estão ganhando muito bem, a maioria não é de Caxias, não quer ir para cursos (profissionalizantes). Outros já ganham benefícios. Deem uma fruta, um biscoito, mas não dinheiro – apela Marlês Sebben, presidente da FAS.
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