Em um período em que a pandemia do novo coronavírus tem obrigado governos estaduais e municipais a tomarem decisões rápidas e emergenciais para combater a propagação da covid-19, algumas estruturas provisórias surgiram como solução para prefeitos e governadores. No entanto, na Serra, aquilo que seria um gasto em algo temporário, virou um ganho definitivo para as comunidades de Caxias do Sul e Bento Gonçalves. Como os dois municípios são referência em estrutura de saúde para outras cidades, o benefício para toda a região vai para além de quando a pandemia passar.
Em Caxias, a prefeitura trabalhou em parceria com o Hospital Virvi Ramos para ampliar em 49 o número de leitos de enfermaria para atendimento aos pacientes do coronavírus. As novas estruturas foram colocadas à disposição da comunidade desde a semana passada. O custo é de aproximadamente R$ 697 mil por mês.
— Lembrando que são leitos de covid, em que o uso de EPIs (equipamentos de proteção individuais) é muito grande, frequente e especializado. Só de EPIs vai sair muito dinheiro. São máscaras e macacões especializados, que devem ser trocados de tempos em tempos — disse o secretário da Saúde de Caxias do Sul, Jorge Olavo Hahn Castro, em entrevista ao Gaúcha Hoje, na Rádio Gaúcha Serra.
Neste período também é esperada a complementação de mais 10 leitos no Hospital Geral da UCS, com verba do município, que serão liberados antes mesmo da portaria do Ministério da Saúde autorizar a utilização. Além destes, leitos no Hospital Pompéia estão prontos para serem utilizados conforme a necessidade. Outros estão em negociação com o Hospital do Círculo, mas também só terão a conclusão do acerto se houver um esgotamento do sistema já existente.
O intuito da prefeitura de Caxias foi dar aos hospitais uma melhor condição de atendimento e de organização, além das estruturas já existentes.
— Nós vamos oferecer UTI suficientes para a população de Caxias do Sul — concluiu o secretário.
O provisório virou definitivo
Em Bento Gonçalves, a única coisa provisória na estrutura de combate à pandemia de coronavírus é o ambulatório de campanha, localizado na frente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada no bairro Botafogo. Os leitos, que seriam temporários, se transformaram em uma ampliação do complexo hospitalar da UPA.
A parte de alvenaria já estava praticamente completa. Há algum tempo esse era o desejo dos administradores. Porém, depois da primeira parte da edificação, as obras internas só foram concluídas no início da pandemia.
Uma ação em parceria entre poder público, voluntários e empresários de diversas áreas da cidade tornou possível a ampliação, que colocou mais 40 leitos à disposição da comunidade, sendo que quatro quartos têm a possibilidade de isolamento total. Essa nova unidade, no entanto, ainda não foi utilizada.
— Temos pacientes internados no hospital e alguns nos leitos da UPA, que já existiam. Ainda não iniciamos o atendimento na área nova pois não tivemos necessidade. Nossa expectativa é de que possamos atender pacientes ali esta semana, numa questão de treinamento de equipe e de organização interna, para não termos sustos depois — afirma o secretário da Saúde, Diogo Siqueira, afirmando que a cidade está passando pela pandemia controladamente, mesmo com o número de casos elevado:
— Ainda está de uma maneira estável e confortável. Estamos conseguindo atender toda a população, sem problema. Alguns pacientes de UTI temos encaminhado para outras cidades. Como a regulação é estadual e descentralizada, temos como fazer esse trabalho. Seguimos monitorando, testando e acompanhando a situação bem de perto para não termos nenhuma surpresa.
Farroupilha e Garibaldi não apostam em estruturas
Garibaldi e Farroupilha, que também tiveram registros de óbitos por conta do coronavírus, ainda não programam hospitais de campanha.
Quem mais esteve próxima de construir um foi Farroupilha. Nos primeiros momentos da pandemia, o prefeito Claiton Gonçalves chegou a cogitar a utilização de estruturas temporárias. Porém, o projeto acabou não evoluindo. Pelo menos por enquanto.
Em Garibaldi, caso seja necessária uma estrutura temporária, o Ginásio Municipal será utilizado. Porém, antes que isso ocorra, a estrutura de um antigo seminário marista, comprado recentemente pela prefeitura, será adaptada para receber os doentes. Por enquanto, isso ainda não foi preciso.