A fé e a crença em um ser divino, no atual momento, tem sido o refúgio de muitos brasileiros, que, assim, conseguem acreditar que no final tudo vai ficar bem. Este é o caso de Eliana Fiorelli, 73 anos, que, desde a infância, tem um tempo reservado na rotina para as celebrações religiosas.
— O final de semana é uma coisa sagrada, que eu trago desde criança, de ir à missa. Durante a semana, geralmente, três vezes eu frequento a igreja também. Procuro participar bastante — explica.
De acordo com ela, a espiritualidade ajuda muito neste momento e a conexão com Deus é imprescindível para fortalecimento.
— Eu vejo que é um momento essencial para que possamos ter discernimento do que está acontecendo através da fé, que nos move, que faz com que tenhamos uma visão maior de tudo isso. Se não tivermos a fé e essa convicção da existência de Deus, pra mim, é impossível — defende.
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No entanto, atualmente, em decorrência do distanciamento social, as igrejas estão fechadas. Com isso, as celebrações religiosas encontraram outra forma de ocorrer, por meio de lives no facebook da Diocese de Caxias.
— Se não fossem os meios de comunicação e as tecnologias, o isolamento seria muito maior. Isso permite que a gente se mantenha conectado e em comunicação com as pessoas e com a realidade — explica o Bispo da Diocese de Caxias, Dom José Gislon.
Por meio das redes sociais, a Diocese de Caxias fez a divulgação deste modo de celebração e alcançou um número considerável de religiosos. Nas últimas semanas, a live na Missa do Domingo de Ramos ultrapassou 32 mil visualizações. Ainda na Semana Santa, a Liturgia da Paixão ultrapassou 27 mil visualizações. Conforme o Bispo Dom José Gislon, o retorno dos fiéis está sendo muito positivo:
— Eu vejo como forma de fortalecimento, de termos uma presença ainda maior nesse tipo de comunicação, porque as pessoas também gostam de interagir. Acho que é uma forma bonita e também nos aproxima das pessoas.
O Bispo ressalta que é diferente celebrar a missa na igreja, com os fiéis presentes, e nas redes sociais, mas explica que este modo também possibilita que outras pessoas, que antes não tinham esse hábito, também interajam.
— Acho que nenhum padre se prepara para celebrar sem a presença das pessoas. E esse celebrar no espaço da igreja sem as pessoas é uma realidade nova, você não tem as pessoas ali, mas você tem muito mais pessoas conectadas por meio da tecnologia, abre um leque muito grande e dá a possibilidade de muitas pessoas estarem ligadas — afirma Dom José Gislon.
Como religiosa, Eliana compreende que o distanciamento se faz necessário e que é possível realizar adaptações na rotina a fim do bem-estar. Para distrair-se, ela realiza atividades de pilates, caminhadas no pátio, faz crochê e tricô, pinturas, tudo isso em casa. Além de, claro, acompanhar as celebrações:
— Graças a Deus que se tem essa tecnologia que faz com que a gente também possa acompanhar e viver esses momentos. Com certeza, tu assistindo pessoalmente é diferente, porque tu até sente a vibração das pessoas que estão ao teu redor, participando. Agora, então, é só a gente e a figura que está celebrando na televisão ou no celular.
Sobre a continuidade das igrejas fechadas, o Bispo ressalta que a Diocese de Caxias visa, principalmente, a vida e a proteção das pessoas, especialmente, levando em consideração que grande parte dos frequentadores está no grupo de risco.
— A igreja é um espaço de aglomeração de pessoas. Então, temos que ponderar muito bem se vamos ter condições de proporcionar segurança para essas pessoas. Porque sempre falamos de proteção da vida, temos que cuidar da vida — defende.