As mãos hábeis e a força de vontade de um grupo de mulheres transformaram moradias de Caxias do Sul em uma verdadeira linha de produção de máscaras descartáveis. Juntas, elas afirmam ter condições de fabricar mil unidades todos os dias para serem distribuídas gratuitamente à população. Em um mês, a cidade teria 30 mil unidades à disposição,o que beneficiaria centenas de famílias.
Essa fabricação em série depende muito do apoio dos caxienses. As costureiras pedem apenas a doação de TNT, elásticos, linhas e pequenas hastes de metal para moldar o encaixe das máscaras. A ação solidária é liderada pela Sociedade de Socorro, uma das organizações femininas mais antigas do mundo e ligada à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida popularmente como Igreja Mórmon.
Em Caxias, a Sociedade de Socorro é presidida pela médica Teresinha Adelaide Boff da Silva e mobiliza cerca de 25 irmãs de fé na linha de produção. Todas trabalham em suas casas e mantém contato pelas redes sociais. A produção segue a logística de empresa. A matéria-prima é concentrada na casa da costureira Marinês Lemos dos Santos, 38 anos, no bairro Panazzolo. Dali, é enviada para as voluntárias em diversos bairros. Posteriormente, o material pronto é reunido para ser distribuído em pontos estratégicos da cidade, como asilos e hospitais.
A máscara segue parâmetros do Ministério da Saúde, mas serve apenas para o uso de pacientes e, portanto, não é recomendada para os profissionais da saúde. A operação foi montada no início do mês e a fabricação começou nos últimos dias com a doação de 500 metros de TNT, elásticos e linha. Com esse material, foi possível confeccionar 2,5 mil unidades.
Como a Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos (Alma) se colocou à disposição para transporte do material e de voluntários, a Sociedade de Socorro pede a doação dos tecidos e elásticos.
- A ideia é que pessoas na sala de espera do hospital, de um consultório, de um asilo façam uso da máscara. Estamos concluindo a primeira etapa, que foi a fabricação. Agora, vem a segunda parte, em que serão identificados quais os locais que vão receber - complementa Oberdan dos Santos, especialista de bem-estar da Estaca de Caxias do Sul, setor responsável pelas 10 capelas (igrejas) locais dos mórmons.
:: PARA AJUDAR: contate Oberdan, pelo telefone (54) 98417-5329
Ritmo fabril com apoio dos filhos
Dona de um ateliê de costura, Marinês Lemos dos Santos esclarece como é possível manter o ritmo de produção com o apoio da população. Considerando que há 25 voluntárias e que cada uma consiga fabricar 40 unidades por dia, a força-tarefa chegaria tranquilamente a mil unidades ou mais. Cada metro de TNT é suficiente para fabricar cinco máscaras. Na casa de Marinês, a linha de produção conta com a ajuda de três filhos adolescentes. O trio faz o corte do TNT e repassa para a mãe, que dá os pontos e molda a máscara. Por hora, ela consegue montar quase 50 unidades. Outras costureiras têm ritmos diferentes e podem produzir menos ou mais.
- Tenho meu ateliê, mas está fechado nos últimos dias por causa da coronavírus. Então, estou fazendo apenas isso no momento. Estamos usando um modelo repassado pela fábrica que doou o TNT - conta Marinês.
A distribuição das confecções será de responsabilidade da médica Teresinha e do diretor de assuntos públicos da igreja em Caxias, Fernando Oliveira.
- Com as máscaras fabricadas por estas irmãs, iremos ajudar e beneficiar as pessoas neste momento. Juntos, temos a certeza que podemos vencer esta guerra - exalta Oliveira.
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