:: PERU
"Estava de férias, passei seis dias em Cusco, juntamente com meu irmão. Tínhamos voo com escala em Lima para voltar para o Brasil na segunda-feira (16). Na noite do dia 15 disseram que as fronteiras do país seriam fechadas para entrada de novos turistas, porém, quando acordamos no dia 16, soubemos que as fronteiras seriam fechadas para entrada e saída às 23h59min do mesmo dia. Fomos para o aeroporto de Cusco diretamente, lá ficamos o dia todo e conseguimos chegar em Lima por volta das 22h. Nosso voo para o Brasil sairia às 23:54 para Porto Alegre, no entrando, foi cancelado mesmo sendo antes da meia noite, isso porque a tripulação peruana do voo não teria autorização para voltar ao Peru.
Fomos, então, jogados para fora do aeroporto de Lima, policiais e guardas estavam na porta e não nos deixavam entrar de volta. Conseguimos, por sorte, o contato de um peruano com apartamento para alugar a partir de um grupo de brasileiros que conhecemos no aeroporto. Estamos hospedados com esse pessoal que foi muito acolhedor. Por sorte conseguimos um táxi para o apartamento porque este serviço também parava antes da meia noite. No dia 17 fomos para a embaixada e nos disseram que seríamos repatriados, porém haviam negociações em andamento com as companhias aéreas para que isso acontecesse.
Leia mais
Da Serra para o mundo: saiba como está a rotina fora do Brasil com a pandemia de coronavírus #3
Da Serra para o mundo: saiba como está a rotina fora do Brasil com a pandemia de coronavírus #2
Da Serra para o mundo: saiba como está a rotina fora do Brasil com a pandemia de coronavírus #1
Na quinta-feira (19) recebemos a notícia pelo Facebook de que sexta-feira (20) sairão os primeiros voos do Peru de volta para o Brasil. A embaixada nos levará para o aeroporto em ônibus militares porque táxis é outros meios de transporte não funcionam. A polícia e os militares estão na rua por aqui, não podemos circular em mais do que duas pessoas ao mesmo tempo e só podemos sair para ir ao banco, supermercado ou farmácia. Temos toque de recolher das 20h às 5h da manhã. Se alguém está na rua neste horário é preso por 24h. Nos lugares em que podemos ir, existe um número máximo de pessoas para entrar, portanto, sempre há filas. Entendemos a preocupação deles em relação ao contágio e estamos respeitando as normas. Só queremos voltar para o nosso país e nossas famílias. Agradecemos, inclusive, o esforço da embaixada brasileira aqui no Peru, pois só por meio deles poderemos sair daqui."
Caroline Rossi, 27 anos, engenheira de Caxias do Sul em viagem a Cusco
:: CANADÁ
"Moro em Newfoundland, uma ilha no extremo leste do Canadá cheia de pessoas queridas e bem humoradas. Porém, 2020 começou com a pior nevasca da história e um estado de emergência em janeiro, e agora, o coronavírus. Minha impressão é de a gente nunca saiu do estado de emergência desde o início do ano, embora as coisas tenham voltado ao normal por cerca de um mês. Aqui, a situação do vírus ficou mais preocupante depois de sexta-feira da semana passada, quando eventos começaram a ser cancelados.
A partir daí, tudo vem acontecendo muito rápido: todos os dias recebo vários e-mails e mensagens da universidade com mais restrições e cancelamentos. Escolas fechadas, aulas online na universidade, trabalho de casa. Aqui na província temos só um caso confirmado, mas o restante do Canadá está numa situação pior. Ontario decretou estado de emergência hoje. A cidade aqui está ficando bem silenciosa. As pessoas de Newfoundland sao conhecidas por serem muito positivas, calorosas, e muito resistentes a adversidades. Embora isso tudo seja bom, numa situação em que distância social é regra, fica bem difícil pras pessoas daqui de lidar e de praticar isolamento."
Bruna Baldasso, 28 anos, facilitadora em Saúde Mental de Carlos Barbosa que mora em St. John's