:: ESPANHA
"Madrid onde moro, está irreconhecível. A capital espanhola conhecida por sua vivacidade, agitada vida de rua e intensa programação cultural está deserta e parada. Os espanhóis não acostumados a seguir regras foram obrigados a obedecer o novo protocolo sanitário e mudar completamente o estilo de vida, o que demanda um esforço maior em comparação com outros países da Europa. E também um stress emocional tremendo.
Estamos em quarentena desde a última quarta-feira quando foi decretado o fechamento de escolas e universidades e desde sábado, em sistema de alerta, o que obrigou o fechamento também de museus, teatros, casas de espetáculos, estabelecimentos comerciais, bares e restaurantes que desde a guerra civil espanhola, na década de 30, não ocorria. A Espanha já é o segundo país da Europa com o maior número de contaminados, os casos positivos aumentam, em média, 20% por dia, o que comprova que é preciso ficar em casa para evitar a rápida disseminação do vírus, porque todos somos transmissores e 80% da população vai apresentar algum sintoma do coronavírus.
Ainda não chegamos no pico da doença e os hospitais estão lotados, com profissionais esgotados. Tanto que se apresentas algum sintoma do vírus, o atendimento é feito pelo telefone e as provas do coronavírus não estão mais sendo realizadas para casos leves. A orientação é buscar uma unidade de saúde só em caso extremo. Meios públicos e privados também estão à disposição do governo, se houver necessidade de ocupação. A maioria das empresas solicitou aos funcionários que trabalhassem desde casa para evitar o deslocamento.
Há muitas dúvidas sobre a manutenção dos empregos, se pequenas e médias empresas sobreviverão depois da crise, visto que demissões são inevitáveis e os prejuízos, incalculáveis. Por isso, o governo adotou nesta terça-feira novas medidas econômicas, como moratória para hipotecas e aluguéis e empréstimos para demitidos . Portanto, é preciso fazer um esforço coletivo, ser altruísta e responsável, ter paciência, manter a calma e torcer para que a vida volte à normalidade".
Thaís Helena Baldasso, 45 anos, jornalista e publicitária de Caxias do Sul que mora em Madri.
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:: ALEMANHA
"A situação mudou muito rapidamente em vários aspectos aqui na Alemanha. Há pouco mais de uma semana não se falava em isolamento. Ontem, já mais de 280 pessoas infectadas na região de Stuttgart. De um dia pro outro os mercados começaram a ficar sem estoque de alguns itens, massas, arroz e papel higiênico são os itens que mais faltam. Ao menos aqui na região onde eu moro, eu ainda não vi prateleiras completamente vazias, ainda há bastante itens, mas tenho amigos em Berlin que relataram que alguns mercados já não há mais muita opção.
Com o intuito de desacelerar a propagação do vírus, desde a última sexta-feira o governo vem adotando algumas medidas como o fechamento de fronteiras, fechamento de escolas e cancelamento de eventos. Ainda não há proibição para sair de casa, mas a recomendação é evitar ao máximo contatos sociais. A indicação, no caso de sentir os sintomas, é ligar para o seu médico da família e não ir ao consultório ou aos hospitais. No geral, o alemão se sente seguro em relação ao seu emprego, aos primeiros sinais de doença, o trabalhador fica em casa.
Eu já vi em grupos do Facebook pessoas se oferecendo para irem ao mercado para os idosos, que são a grande preocupação, e aqui na Alemanha a população de idosos é enorme. Mas graças aos esforços das autoridades, a taxa de mortalidade aqui ainda é baixa se comparada a da Itália, por exemplo, que também possui uma população bastante envelhecida.
Meu marido e eu tínhamos viagem marcada para o Brasil no dia 10 de Abril, mas achamos melhor remarcar o vôo. Eu, particularmente, só tenho saído de casa para ir ao mercado, e meu marido tem trabalhado de casa, não estamos fazendo estoque grande de nada. As pessoas fazem isso no instinto de sobrevivência, mas acredito que esse comportamento só gere mais pânico".
Aline Travi, 33 anos, especialista em Negócios Internacionais de Farroupilha que mora em Gerlingen, no estado de Baden Württemberg
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"O momento é de colocar a saúde dos empregados e da sociedade acima dos interesses da empresa", afirma técnica de entidade