O fato da Itália ter se tornado o novo epicentro do coronavírus — já foram 52 mortes registradas e mais de 2 mil casos confirmados no país, segundo a Reuters — gerou impactos na rotina de muitos italianos, sobretudo por medidas tomadas pelo governo em 11 cidades do Norte, que incluem a região do Vêneto e da Lombardia. Durante as próximas duas semanas, 50 mil residentes não poderão sair das cidades sem permissão especial.
Mesmo com essa movimentação no país italiano, o relações públicas Henrique Schiochet Sottoriva, 26, que mora em Antônio Prado, na Serra gaúcha, não adiou a viagem que planejava há mais de dois anos. Ele embarcou ontem no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, com destino à Itália onde pretende encaminhar a documentação para obter a cidadania italiana. No trajeto, deparou-se com situações que demonstram os cuidados e preocupações relacionados ao covid-19.
— De Porto Alegre até São Paulo vi algumas pessoas de máscara no avião, mas apenas idosos e famílias com crianças. No voo de São Paulo para Roma, sim, muitas pessoas usaram, eu também usei a minha por precaução e era curioso porque quando alguma pessoa tossia muitas pessoas procuravam ver quem era — relata o passageiro.
De acordo com ele, na chegada ao aeroporto de Roma, o que chamou a atenção foi o baixo número de pessoas, o local estava praticamente vazio. No caminho percorrido, profissionais monitoravam a temperatura das pessoas com sensores de calor e diversos totens disponibilizavam álcool gel e orientações a respeito dos cuidados para evitar o possível contágio.
— Tanto nas ruas quanto no ônibus que peguei até a estação de trem, quase não vi pessoas usando máscaras, eu me senti seguro, não tive problemas com isso. No trem até Livorno, que é a cidade onde vou ficar, poucas pessoas usavam até porque a região aqui não foi afetada — explica.
Conforme a anfitriã dele, Cristina Ciconetto, 32, que é natural de Antônio Prado mas vive há cinco anos na Itália, o movimento em grandes centros realmente diminuiu, além disso, muitas pessoas estão cancelando ou adiando viagens, por isso os aeroportos estão com queda de movimento.
— Em muitas cidades as pessoas ainda nem sentiram alteração na rotina por conta do coronavírus. Em Florença os museus até abriram as portas gratuitamente para incentivar as pessoas e mostrar que está tudo bem. Nas cidades onde o governo tomou medidas foi mais para controlar e são apenas duas semanas do que eles chamam de "quarentena" — afirma Cristina.
Livorno, fica a 277 quilômetros de Codogno, cidade de 16 mil habitantes considerada o epicentro do surto italiano, onde um homem considerado "paciente um" teria sido internado. Na região da Toscana, onde os pradenses estão instalados, apenas 12 casos suspeitos foram registrados, sendo dois confirmados, conforme informações repassadas pelo governo da localidade.