Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (16), a Visate, que detém o serviço de transporte urbano em Caxias do Sul, anunciou as medidas que estão sendo implementadas pela empresa para prevenir a contaminação por coronavírus no município. As ações, segundo o comunicado, buscam "diminuir o impacto da propagação do vírus entre clientes e funcionários". Na última quinta-feira (12), houve uma reunião entre integrantes do Comitê Interno de Crise da empresa. No dia seguinte, medidas já começaram a ser colocadas em prática.
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É o caso de publicações nas redes sociais da empresa, que recomendam aos passageiros que mantenham as janelas dos ônibus abertas e que lavem as mãos com água e sabão antes do embarque e depois de deixarem o veículo. A Visate também reforça o cuidado de não tocar o nariz, olhos e boca com as mãos sujas, além de desinfetar objetos e superfícies frequentemente, cobrir o rosto ao tossir ou espirrar e fazer o uso do álcool em gel.
Tanto usuários que utilizam somente o ônibus quanto os que passam por outros espaços comuns devem ter a cautela: recipientes com álcool em gel 70% foram distribuídos na Central de Relacionamento com os Clientes (Rua Bento Gonçalves, 2019 – Centro), na loja do Prataviera Shopping e nos guichês das EPIs Floresta e Imigrante. No entanto, recipientes com álcool não foram disponibilizados dentro dos ônibus. Conforme a empresa, motoristas e cobradores podem solicitar o produto nos quatro pontos (Central de Relacionamento, loja do Prataviera Shopping e as EPIs Floresta e Imigrante).
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Quanto à limpeza dos ônibus, a assessoria da Visate informou que o procedimento é realizado diariamente, durante a noite, e que, agora, utiliza desinfetante, além da usual mistura de água e sabão. Já quanto a alterações na programação das linhas, a empresa anunciou que os veículos que passam por dentro das instituições de ensino superior não vão mais entrar nos campi a partir das 21h30min, visto que as aulas estão suspensas.
Uma vez que as paradas de ônibus distribuídas pela cidade são de responsabilidade da prefeitura, a reportagem procurou posicionamento da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM). De acordo com a pasta, "no momento, não há nenhuma ação específica nas paradas". Entretanto a equipe da secretaria deve seguir monitorando a situação e ressalta que tem reuniões internas marcadas para a tarde desta terça-feira.
Menos passageiros nos ônibus, mais carros nas ruas
O movimento no transporte coletivo é visivelmente menor em Caxias do Sul na manhã desta terça-feira (17). No entanto, pouco medidas de prevenção eram vistas. As pessoas continuavam a fazer apertos de mão e sentar próximas. A única ação eficiente eram que todas as janelas abertas dos ônibus estavam abertas, possibilitando a circulação de ar.
A redução dos passageiros é considerado efeito natural diante da suspensão de aulas na rede escolar e universitária. Muitas pessoas também optaram por utilizar os próprios carros, o que aumento o tráfego e diminuiu a disponibilidade de vagas de estacionamento na área central.
— Tem menos movimento de passageiros, diminuiu bastante, e há mais carros pelas ruas. Há pessoas que conversam e outras com medo. A empresa orientou a deixar o ventilador ligado e as janelas abertas. Tem uns (passageiros) que fecham, mas há outros que abrem — conta o motorista José da Rosa, 57 anos, que trabalha há nove com o transporte coletivo em Caxias do Sul.
Na Estação Principal de Integração (EPI) Imigrante, o movimento estava reduzido, mas constante. A maioria das pessoas não demonstravam nenhuma medida de prevenção. O aposentado João Andreis, 79 anos, sabe que está no grupo de risco, mas prefere "continuar a vida".
— Estou um pouco preocupado, mas fazer o que? Se está aí, está aí. Moro sozinho e estou indo almoçar no restaurante popular. O movimento do ônibus diminuiu um pouco, mas as pessoas continuam do mesmo jeito. Seja o que Deus quiser — relata.
Os vendedores Eduarda Bueno Martins, 18 anos, e Gabriel Teles, 20 anos, relatam que "a ficha só está caindo agora". Ambos trabalham como vendedores em loja da área central e ficaram espantados com a procura na segunda-feira (16).
— Antes, não tava com medo. Estava até brincando bastante. Mas, ontem, começou a preocupar. Todo mundo foi nas (lojas) Americanas para comprar álcool em gel. Muita gente mesmo — conta Teles.
— Inclusive, começou a ficar em falta álcool em gel. Acho que por toda a cidade. E hoje tem bem menos gente (utilizando ônibus). Geralmente não tem banco para sentar, está sempre lotada a EPI (Imigrante) — complementa Eduarda.